2007-04-24 20:03:24

PAÍSES RICOS DEVEM MANTER PROMESSAS NA LUTA CONTRA POBREZA NO MUNDO: CARTA DE BENTO XVI À CHANCELER ALEMÃ


Cidade do Vaticano, 23 abr (RV) - O objetivo de eliminar a pobreza extrema no mundo, até 2015, é um dos mais importantes compromissos do nosso tempo. É o que escreve o papa, numa carta enviada à chanceler alemã, Angela Merkel, em vista do próximo encontro de cúpula do G-8 (o grupo dos 7 países mais industrializados do mundo e mais a Rússia), que se realizará de 6 a 8 de junho próximo, em Heiligendamm, na costa báltica da Alemanha.

A carta é datada de 16 de dezembro de 2006 e foi escrita por ocasião do início da presidência de turno alemã da União Européia e do G-8. No dia 2 de fevereiro sucessivo, Angela Merkel enviou uma carta em resposta ao Santo Padre. Hoje o jornal vaticano "L'Ossservatore Romano" publica essa troca de correspondência.

Em sua carta, Bento XVI manifesta o apreço e o encorajamento da Igreja Católica pela intenção expressa pelo governo alemão _ e compartilhada pelos demais membros do G-8 _ de manter o tema da pobreza no centro do próximo encontro de cúpula de Heilingendamm, com particular atenção para as ajudas à África.

Bento XVI recorda que a Alemanha, como a Santa Sé, "se preocupa com a incapacidade dos países ricos, de oferecer aos países pobres, em particular aos da África, adequadas condições financeiras e comerciais, que tornariam possível a promoção de seu desenvolvimento duradouro".

Sem esquecer que "os governos dos países pobres têm, por sua vez, a responsabilidade pela boa administração e pela eliminação da pobreza, sendo nisso irrenunciável, porém, uma ativa colaboração por parte dos parceiros internacionais".

"Aí, não se trata _ escreve o papa _ de uma tarefa extraordinária ou de concessões que poderiam ser adiadas, por causas de fortes interesses internacionais. Há, sobretudo, um grande dever moral e incondicionado, baseado na comum pertença à família humana, bem como na comum dignidade e destino dos países pobres e dos países ricos, mediante o processo de globalização, que devem se desenvolver de modo sempre mais estreitamente interligados."

"Seria necessário criar e garantir, para os países pobres, de modo confiável e duradouro _ continua o pontífice _ condições comerciais favoráveis que, sobretudo, incluam um acesso amplo e sem reservas aos mercados."

Para Bento XVI, é necessário tomar "providências, para um rápido perdão completo e incondicionado da dívida externa dos países pobres fortemente endividados e dos países menos desenvolvidos".

Ao mesmo tempo, "devem ser tomadas medidas a fim de que esses países não acabem novamente numa situação de dívida insustentável". "Além disso _ prossegue o papa _ os países industrializados devem ser conscientes dos compromissos que assumiram no âmbito das ajudas ao desenvolvimento e assumi-los plenamente."

"Também são necessários _ escreve ainda o papa em sua carta à chanceler alemã _ amplos investimentos no campo da pesquisa e do desenvolvimento de medicamentos para o tratamento da AIDS, da tuberculose, da malária e de outras doenças tropicais."

Nessa ótica, exorta os países industrializados a afrontarem "a urgente tarefa científica de criar, finalmente, uma vacina contra a malária" e a "colocarem à disposição, tecnologias médicas e farmacêuticas bem como conhecimentos derivados da experiência no campo da higiene, sem para isso fazer exigências jurídicas ou econômicas".

A seguir, o Santo Padre afirma com veemência, que "a comunidade internacional deve continuar atuando em favor de uma significativa redução do comércio de armas, tanto legal quanto ilegal, do tráfico ilegal de matérias-primas preciosas e da fuga de capital dos países pobres, e deve comprometer-se em prol da eliminação tanto de práticas de lavagem de dinheiro como da corrupção de funcionários nos países pobres".

Trata-se de desafios que devem ser afrontados por todos os Estados-membros da comunidade internacional _ ressalta o papa _ mas "o G-8 e a União européia deveriam desempenhar um papel-guia nessa questão".

Por fim, Bento XVI recorda que "membros de diversas religiões e culturas do mundo inteiro estão convencidos de que o alcance do objetivo de eliminar a pobreza extrema até 2015 seja um dos mais importantes compromissos do nosso tempo" e "compartilham, além disso, a convicção de que essa meta está ligada indissoluvelmente à paz e a à segurança no mundo".

Em sua resposta, agradecendo pela carta enviada, Angela Merkel assegura ao papa que esses temas serão afrontados tanto pela União Européia como no âmbito da próxima reunião do G-8, com os votos de que, através de uma globalização "mais equânime", se possam "alcançar mais justiça e paz" no mundo. (RL)







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