2007-04-13 16:44:44

NÚNCIO APOSTÓLICO EM ISRAEL NÃO PARTICIPARÁ DA COMEMORAÇÃO DO HOLOCAUSTO, PARA DEFENDER MEMÓRIA DE PIO XII


Tel Aviv, 12 abr (RV) - O núncio apostólico em Israel, Dom Antonio Franco, delegado apostólico em Jerusalém e Palestina, não participará da cerimônia anual em memória da Shoah, que se realizará nos dias 15 e 16 do corrente, no Yad Vashem, o Museu do Holocausto, em Jerusalém.

A decisão do núncio foi tomada porque o museu colocou em exposição, uma fotografia de Pio XII, com um texto que Dom Franco considera agressivo. O núncio diz que o texto não é fiel à verdade histórica, pois mostra o pontífice como aquele que manteve posições ambíguas em relação ao holocausto dos judeus.

O próprio núncio confirmou sua decisão de não participar da cerimônia, definindo-a uma dolorosa renúncia, e escreveu uma carta ao diretor do museu, ressaltando sua posição contrária. Ele ressalta, todavia, que sua ausência à cerimônia não significa falta de respeito para com as vítimas do holocausto.

"Basta com as falsas interpretações sobre Pio XII" _ sublinhou Dom Franco, afirmando que recentes estudos históricos demonstram o contrário.

O famoso historiador inglês Martin Gilbert, por exemplo, escreveu um livro, em 2003, intitulado "Os justos", no qual ressalta tudo aquilo que Pio XII e a Igreja Católica fizeram para ajudar os judeus. Existem ainda outros estudos históricos, feitos por judeus, que atestam esse fato _ sublinhou o núncio.

"Minha carta _ ressalta Dom Franco _ foi escrita para chamar a atenção sobre o problema, que deve ser reconsiderado e aprofundado, mudando, assim, esse julgamento negativo sobre Pio XII."

Em resposta à carta do núncio, alguns jornais israelenses afirmaram que a verdade histórica não pode ser mudada. "É verdade, os fatos não podem ser mudados _ ressaltou Dom Franco _ mas deles foi feita uma interpretação contrária, por parte de uma historiografia que interpreta tudo a seu modo."

No ínterim, o processo de beatificação de Pio XII está cada vez mais perto de se concretizar, com a entrega, este mês, de um dossier de três mil páginas, à Congregação das Causas dos Santos _ segundo informou à agência de notícias ANSA, Pe. Peter Gumpel, relator da causa, introduzida em 1965.

"Fiz meu trabalho, mas a decisão não depende mais de mim. Durante os dois últimos anos, alguns estudos históricos, feitos por judeus, contribuíram com os nossos estudos, para reforçar a consistência, no âmbito histórico, da atitude de Pio XII diante dos fatos"_ concluiu Pe. Gumpel. (MJ)







All the contents on this site are copyrighted ©.