O amor vence o ódio e é mais forte do que a morte: Bento XVI na homilia da Vigilia
de Páscoa
(8/4/2007) “Senhor, mostra hoje também que o amor é mais forte do que o ódio. Que
é mais forte do que a morte. Desce também nas noites e na mansão dos mortos deste
nosso tempo moderno e segura pela mão aqueles que esperam. Leva-os para a luz!” Esta
oração concluiu a homilia de Bento XVI na Vigília de Páscoa . A solene liturgia iniciada
pouco depois das 22 horas no átrio da Basílica de São Pedro fez a evocação da descida
de Jesus aos infernos e a Sua Ressurreição. Depois da bênção do fogo, o Papa guiou
até ao Alter da Confissão a procissão com o círio pascal, do qual depois foram acendidas
as velas dos fiéis que pouco a pouco iluminaram a nave da Basílica que até então
ficara na penumbra. Somente então tocaram os sinos e explodiu o Exultet”um canto
de admiração pela omnipotência e omnipresença de Deus, um canto de confiança naquele
Deus que jamais nos deixa soltar das suas mãos. E as suas mãos são boas mãos. É
a fé que no-lo mostra. Sem esta dádiva as nossas noites permanecem escuras: “
a alma é imortal, mas a sua força não basta para elevar-se até Deus. Não temos asas
que poderiam levar-nos até aquela altura. Porém, nada pode contentar o homem eternamente,
se não o estar com Deus. Uma eternidade sem esta união com Deus seria uma condenação.
O homem não consegue alcançar a cima, mas anela o alto: “Clamei a vós...” Só o Cristo
ressuscitado pode elevar-nos para cima até a união com Deus, ali onde nossas forças
não podem chegar”. Daqui a invocação comovida de Bento XVI que manifestando a
própria fragilidade se associou a todos os fiéis: ” Fica também comigo nas minhas
noites escuras e conduz-me para fora!”. Durante a celebração o Papa baptizou
dois chineses adultos e os seus meninos, duas mulheres provenientes do Japão, uma
de Cuba e outra dos Camarões. “O Baptismo é mais do que uma lavagem, ou uma purificação.
É mais do que a inserção numa comunidade. É um novo nascimento. Esta é a novidade
do Baptismo: nossa vida pertence a Cristo, não mais a nós mesmos. Mas precisamente
por isso não estamos mais sós nem mesmo na morte, mas estamos com Ele que vive sempre.
No Baptismo, junto com Cristo, já fizemos a viagem cósmica até as profundezas da morte. Os
Baptismos dos adultos – explicou ainda o Papa, celebram-se durante a Vigília Pascal
precisamente porque depois da sua morte na Cruz “Jesus Cristo cumpriu para nós esta
viagem através das dimensões do universo; e na escuridão impenetrável da morte Ele
entrou como luz - a noite fez-se luminosa como o dia, e a trevas tornaram-se luz. Visto
que não conhecemos o mundo da morte – concluiu Bento XVI - podemos representar este
processo de superação da morte somente com imagens. …..A sua Cruz abre de par em par
as portas da morte, as portas irrevogáveis. Elas agora não são mais infranqueáveis.
A sua Cruz, a profundidade do seu amor é a chave que abre esta porta. O amor d’Aquele
que, sendo Deus, fez-se homem para poder morrer - este amor tem a força para abrir
esta porta. (texto integral da homilia do Papa em “Documentos do Vaticano”)