AUDIÊNCIA GERAL: BENTO XVI FALA DO SIGNIFICADO PROFUNDO DO TRÍDUO PASCAL, CENTRO DA ESPERANÇA CRISTÃ

Cidade do Vaticano, 04 abr (RV) – Os eventos dramáticos que caracterizam a Paixão de Cristo permitem redescobrir, no silêncio da alma, a centralidade do sacrifício de Jesus, num mundo inflacionado de palavras. Foi um dos pensamentos com os quais Bento XVI explicou, na Audiência Geral desta manhã, o significado do Tríduo Pascal que se inicia amanhã, Quinta-feira santa. Cerca de vinte mil pessoas se encontravam presentes na Praça São Pedro para escutar o Papa.

Aquilo que se verifica no Cenáculo, na Quinta-feira santa, constitui o prólogo do confronto lapidário entre Jesus e Judas. Um confronto que se dá, não por acaso, à noite.

"Quando o traidor abandona o Cenáculo, seu coração se enche de trevas _ é noite interior, cresce o desencorajamento no ânimo dos outros discípulos _ também para eles é noite _ enquanto trevas de abandono e de ódio se abatem sobre o Filho do Homem, que começa a viver o seu sacrifício que se conclui na Cruz.

"Aquilo que celebraremos nos próximos dias, é o confronto supremo entre a Luz e as Trevas, entre a Vida e a Morte. Devemos situar-nos, também nós, nesse contexto, conscientes da nossa "noite", das nossas culpas e das nossas responsabilidades, se quisermos reviver, com proveito espiritual, o Mistério pascal, se quisermos chegar à luz do coração, mediante esse Mistério, que constitui o cerne da nossa fé" _ disse o papa.

A Quinta-feira santa – prosseguiu _ é o dia da comoção para os sacerdotes, o dia no qual, de certo modo, Jesus "antecipa" sua morte, no pedaço do pão da primeira Eucaristia. Mas aqueles mesmos discípulos em torno d'Ele, naquele "momento de forte comunhão eclesial", são os mesmos que, pouco depois, cederão ao sono, durante a agonia do seu Mestre. Uma condição, observou o Papa, não estranha aos cristãos de hoje.

A oração, acompanhada dos sinais do jejum e da penitência, é o fio espiritual da Sexta-feira santa. A cena do Calvário narrada pela liturgia _ ressaltou Bento XVI com as palavras do João Crisóstomo _ mostra a cruz, tanto na sua veste de "símbolo de condenação", quanto de "fonte da paz". E a "história da infidelidade humana" que leva Cristo à morte é repercorrida, passo a passo, na Via-sacra _ um "piedoso exercício" que condensa a "sabedoria do cristão", ou seja, a de aprender a olhar Jesus "com os olhos do coração".

"O Sábado santo é o dia no qual a liturgia silencia, o dia do grande silêncio, e os cristãos são convidados a observar um recolhimento interior. E na inflação das palavras que vemos e vivemos hoje, é um dia tão necessário do silêncio. São Gregório Magno, disse certa vez: Não falando, aprendemos a calar, mas calando, no silêncio, aprendemos a falar bem."

A Vigília pascal, com seus ritos de bênção da água e do fogo, e a proclamação da Ressurreição, fazem resplandecer _ observou o pontífice _ a face sempre jovem e bela da Igreja. Além disso _ concluiu _ o Tríduo Santo não é somente recordação de uma realidade passada.

"É realidade atual. Também hoje, Cristo vence o pecado e a morte com seu amor. O mal, em todas as suas formas, não tem a última palavra. O triunfo final é de Cristo, da verdade e do amor! Se, com Ele, estamos dispostos a sofrer e a morrer, nos recordará São Paulo na Vigília pascal, sua vida se torna nossa. A nossa existência cristã repousa e se constrói sobre essa certeza."

Por fim, o Santo Padre passou a saudar, em várias línguas, os diversos grupos de fiéis e peregrinos presentes na Audiência Geral. Eis o que disse aos de língua portuguesa: "Amados irmãos e irmãs, saúdo cordialmente os numerosos visitantes provenientes do Brasil e de Portugal, mormente os peregrinos do Instituto Cultural António Ferreira Gomes do Porto: que a vinda a Roma vos fortaleça na fé e avive no vosso ânimo a coragem para testemunhar a grandeza do amor de Jesus Cristo, vencedor do mal, pelo seu sofrimento, e ressuscitado para ser a nossa esperança e a nossa paz. A todos desejo uma feliz e santa Páscoa!" (RL)