2007-03-25 09:53:22

EUROPA NÃO ESQUEÇA VALORES CRISTÃOS: EXORTAÇÃO DO PAPA PELOS 50 ANOS DA UNIÃO EUROPÉIA


Cidade do Vaticano, 24 mar (RV) - Os valores cristãos sejam fermento de civilização para a Europa do terceiro milênio: foi a reflexão feita por Bento XVI aos participantes do Congresso da COMECE (Comissão dos Episcopados da Comunidade Européia) pelos 50 anos dos tratados de Roma.

O veemente discurso do Papa exortou os cristãos do Velho Continente a se empenharem por uma Europa justa e solidária. A delegação da COMECE esteve conduzida por seu presidente, Dom Adrianus Van Luyn, que, em sua saudação ao Pontífice, ressaltou que a fé convida os cristãos de todas as confissões a uma responsabilidade particular pela comunidade dos povos europeus.

Para aproximar-se de seus cidadãos, os governos da União não excluam um "elemento essencial da identidade européia que é o cristianismo": foi a exortação do papa ressaltando os valores que servem de base a uma Europa unida.

"Não se pode pensar em edificar uma autêntica 'casa comum' européia esquecendo a identidade própria dos povos desse nosso Continente. Trata-se, de fato, de uma identidade histórica, cultural e moral, antes ainda que de uma identidade geográfica, econômica ou política; uma identidade constituída por um conjunto de valores universais, com a qual o cristianismo contribuiu, adquirindo assim um papel não somente histórico, mas fundacional em relação à Europa. Tais valores, que constituem a alma do Continente, devem permanecer na Europa do terceiro milênio como fermento’ de civilização", recordou o Papa.

Se esses valores viessem a faltar _ perguntou o Papa _, "como o Velho Continente poderia continuar a desempenhar a função de 'fermento' para o mundo inteiro?" Portanto, não é motivo de surpresa _ prosseguiu o Santo Padre _ que "a Europa de hoje, ao mesmo tempo em que ambiciona colocar-se como uma comunidade de valores, pareça cada vez mais contestar a existência de valores universais e absolutos".

Para o pontífice, trata-se de uma "singular forma de 'apostasia' de si mesma, antes de ser uma 'apostasia' de Deus", um fenômeno que a induz "a duvidar da sua própria identidade". Acaba-se desse modo por "difundir a convicção de que a ponderação dos bens é o único caminho para o discernimento moral e que o bem comum é sinônimo de compromisso". O Papa, no entanto, advertiu: "não pode ser aceitável toda vez que comporte acordos lesivos à natureza do homem".

Pensando na Comunidade Européia, o papa esclareceu: "Uma comunidade que se constrói sem respeitar a autêntica dignidade do ser humano, esquecendo que toda pessoa é criada à imagem de Deus, acaba por não fazer o bem a ninguém. Eis o motivo pelo qual se mostra cada vez mais indispensável que a Europa se defenda daquela atitude pragmática hoje largamente difundida que justifica sistematicamente o comprometimento sobre valores humanos essenciais, como se fosse a inevitável aceitação de um presumível mal menor."

Este pragmatismo, acrescentou, é apresentado "como equilibrado e realista", mas "não é assim, justamente porque nega aquela dimensão ideal e de valor, que é inerente à natureza humana". "Ademais, quando sobre um tal pragmatismo se inserem tendências e correntes laicistas e relativistas, acaba-se por negar aos cristãos o próprio direito de pronunciar-se como tais no debate público ou, quando não, sua contribuição é vista como intenção de querer justificar privilégios."

Por isso _ exortou o pontífice _, no atual momento histórico, a União Européia "para poder garantir validamente o estado de direito e promover eficazmente os valores universais, não pode deixar de reconhecer com clareza a existência certa de uma natureza humana estável e permanente, fonte de direitos comuns a todos os indivíduos, inclusive daqueles que os negam”.

Em tal contexto, disse ainda, "deve salvaguardar-se o direito à objeção de consciência, toda vez que os direitos humanos fundamentais forem violados”.

Bento XVI ressaltou em seguida a exigência "de estabelecer um sadio equilíbrio entre a dimensão econômica e a dimensão social", reafirmando as suas preocupações sobre a baixa natalidade que caracteriza a Europa de hoje: "Do ponto de vista demográfico, constata-se infelizmente que a Europa parece trilhar num caminho que pode levá-la a despedir-se da história. Isso, além de colocar em risco o crescimento econômico, pode também causar enormes dificuldades à coesão social e, sobretudo, favorecer um perigoso individualismo, desatento às conseqüências para o futuro." (RL)







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