Três dias de luto em Moçambique: explosões já fizeram mais mais de 80 mortos e 350
feridos. Os pesames de Bento XVI em telegrama ao Arcebispo de Maputo
(24/3/2007) Ainda são preliminares os números de vítimas resultantes das explosões
em Maputo e já foram decretados três dias de luto nacional.. Afonso Dhlakama já comentou,
fazendo acusações ao Ministério da Defesa. Os números de vítimas crescem à medida
que o tempo passa. Com os desaparecidos ainda por quantificar, 83 mortos e 350 feridos
(42 necessitando de "cuidados muito especiais") compunham o último balanço fornecido
pelo Governo moçambicano. Um balanço provisório e, presume-se, contido, a avaliar
pelos relatos trágicos que, durante o dia de ontem, foram chegando de Maputo. As explosões
da véspera num paiol militar, junto ao bairro de Malhazine, deixaram a capital em
estado de pânico e abriram fendas na estrutura política do país, com duras críticas
ao ministro da Defesa, Tobias Dai.
A maioria dos mortos e feridos, segundo
testemunhou a Lusa, foi atingida com violência por projécteis ou estilhaços do material
militar guardado no paiol, cercado por uma série de bairros de lata. Parte desse material
- pesado, como obuses e morteiros - não chegou a deflagrar e caiu dentro ou nas imediações
de residências. Durante todo o dia de ontem, equipas das Forças Armadas procuraram
recolhê-lo e levá-lo de volta para o paiol. Este foi o segundo acidente, no espaço
de dois meses, naquele paiol. O primeiro, ocorrido em Janeiro, fez três feridos e
provocou avultados danos materiais. Mas, na sequência, o Ministério da Defesa assegurou
que o equipamento iria ser deslocado para outro local. Uma promessa ontem recordada
pelo principal líder da oposição. Afonso Dhlakama, presidente da Renamo, acusou ainda
o Ministério de "desinformação", por apontar o calor como a causa das explosões. Em
sua opinião, na origem das explosões está a falta de ordem nos quartéis moçambicanos,
"onde os militares se misturam com civis, num ambiente sem regras nem regulamentos".
Bento XVI enviou uma mensagem a D. Francisco Chimoio, Arcebispo de Maputo, na qual
manifesta a sua solidariedade à população moçambicana, após a tragédia provocada pelas
explosões num paiol na capital moçambicana. Num telegrama hoje divulgado pela
Santa Sé, enviado em nome de Bento XVI pelo Secretário de Estado do Vaticano, pode
ler-se que "tendo sabido das numerosas vítimas da explosão do arsenal militar nessa
cidade, o Santo Padre pede-lhe que se faça intérprete dos seus sentimentos de viva
participação e pesar às autoridades e a todas as pessoas atingidas pela tragédia,
certificando-os das suas orações pelos falecidos, que confia à misericórdia do Senhor,
e pelos feridos e respectivas famílias". O Papa espera que todos os atingidos
"encontrem ao seu redor a necessária assistência e apoio, neste momento de provação".