UE, União de valores no congresso da COMECE. A intervenção do Secretário Vaticano
para as relações com os estados, com acusações ás instituições europeias pelas decisões
tomadas em relação é vida humana,e á familia.
(24/3/2007) A União Europeia é desafiada, 50 anos depois dos Tratados de Roma, a
ultrapassar a sua vocação económica original para abrir-se a dimensões "mais amplas",
inclusivamente políticas e institucionais. Esta foi uma das ideias que marcou o início
do Congresso internacional promovido pela Comissão dos Episcopados da UE(COMECE) para
assinalar os 50 anos dos Tratados fundadores da Comunidade Europeia, num momento de
reflexão sobre o futuro da Europa que se estende até 25 de Março. O presidente
da Conferência Episcopal Italiana, D. Angelo Bagnasco, anfitrião do evento, referiu
na abertura dos trabalhos que "o processo de unificação iniciado com coragem pelos
pais fundadores, que conheceram momentos de incerteza e de dificuldade em conjunto
com outros de grande entusiasmo, exige hoje uma nova assumpção de responsabilidades
e um renovado compromisso comum". Reunidos em volta do tema "Valores e perspectivas
para a Europa de amanhã", cerca de 400 participantes procuram "identificar valores-chave"
para os cristãos, confirmando aqueles que definiram o processo de unificação europeia
desde o seu início. Neste sábado é proclamada a "Mensagem de Roma", que vai ser
enviada aos Chefes de Estado e de Governo da UE. 23 delegações episcopais estão
presentes, ao lado dos maiores movimentos e comunidades católicas da Europa. A
Santa Sé é representada por D. Dominique Mamberti, Secretário para as Relações com
os Estados, que na sua intervenção admoestou os chefes de estado e de governo europeus
a não abandonar o cristianismo como se abandona um companheiro de viagem que se torna
estrangeiro. Se a União Europeia atraiçoa o cristianismo – advertiu – atraiçoa a si
própria. O Arcebispo Dominique Mamberti atacou duramente as decisões tomadas pelo
Parlamento Europeu em matéria de pesquisa sobre os embriões e criticou as legislações
nacionais sobre a família. E fez votos de que o futuro tratado constitucional europeu
faça referencia ao património cristão do continente e que tutela a dignidade do homem
e do matrimónio heterossexual tradicional. Na sua intervenção o Secretário Vaticano
para as relações com os estados iniciara recordando que nas duas ultimas legislaturas
do Parlamento europeu as posições da Igreja e do Vaticano foram atacadas quase 30
vezes e injustamente acusadas de ingerência indevida em campo europeu. D. Dominique
Mamberti lançou depois uma série de acusações ás instituições comunitárias. A partir
das decisões tomadas sobre a destruição dos embriões humanos. “Uma democracia - disse
– que em vez de servir a vida humana, a coloca á votação e apoia quem a suprime, parece
vitima da prevaricação e da intolerância. Os cristãos empenhados no espaço público
europeu – salientou - para serem plenamente coerentes com a sua fé, no actual contexto
cultural e politico, devem considerar prioritário e qualificante para o seu empenho
público, a tutela da vida humana, desde a concepção até á morte natural, e da estrutura
da família, como união entre um homem e uma mulher, fundada no matrimónio. Certamente
– acrescentou – não se posse assimilar a Europa á cristandade e tão pouco reduzir
a cristandade á Europa, mas não há dúvida que o cristianismo não é apenas um dos ingredientes
do cocktail europeu. Toca in primis á Santa Sé – sublinhou – e a todos os cristãos,
recordar a este continente que não pode abandonar o cristianismo como se abandona
um companheiro de viagem que se torna estrangeiro; não pode atraiçoar os valores
cristãos, como um homem não pode atraiçoar as suas razões de vida e de esperança,
sem cair numa crise dramática