DOM SGRECCIA: A LIBERDADE DE PALAVRA E DE CONSCIÊNCIA VALE PARA TODOS
Cidade do Vaticano, 22 mar (RV) - Retidão na informação, liberdade de palavra
e consciência para todos, também para os católicos: eis o pedido da Pontifícia Academia
para a Vida que nesta quarta-feira, 21, definiu "nitidamente parciais e desviantes"
as interpretações dadas por alguns meios de informação da Itália, dos conteúdos da
Declaração final da XIII Assembléia Geral do organismo vaticano. A referência é em
particular sobre o convite à objeção de consciência para os católicos comprometidos
na defesa da vida.
O Presidente da Pontifícia Academia para a Vida, Dom Elio
Sgreccia, concedeu uma entrevista à Rádio Vaticano para falar, sobretudo, da "objeção
de consciência".
"Este é um direito e um dever de todo católico, é uma contribuição
para o crescimento da sociedade. Ora, defender a vida humana é um direito-dever, é
um benefício, um bem para a sociedade, e o leigo católico, se compartilha deste apelo,
como é óbvio que seja para um católico de reta consciência, saberá, pois, assumir
as próprias responsabilidades e saberá também quais são as modalidades em cada nação,
para fazer valer a própria liberdade de consciência", disse Dom Sgreccia. "Não há
nenhum instigação, nada forçado, não há nenhum ordenamento de caráter jurídico sobre
isso", esclareceu. "Apresentamos as nossas razões, expressamos as motivações e os
argumentos como se faz num encontro de estudo, a menos que seja proibido pensar e
defender os próprios pensamentos".
Esclarecendo comentários muito duros à
sua intervenção, considerada pela mídia como "atentado à soberania do Estado", o presidente
do organismo vaticano afirmou: "A minha reflexão vai na direção contrária: trata-se
de uma tomada de consciência a favor da liberdade de consciência. Também os católicos
têm o direito de exprimir o que sentem, vivem e sofrem na sua consciência e a expressá-lo
em benefício de todas as nações onde vivem, onde estas tomada de consciência está
em contraste com a práxis ou com os costumes, ou com a cultura vigente".
Dom
Sgreccia fala ainda das interpretações errôneas assumidas por alguns órgãos de informação
italianos: "Penso que esta é uma informação maldosa, uma ótica um pouco falseada de
ver aquilo que faz a Igreja (...) contra qualquer movimento político ou contra qualquer
corrente política. Na realidade aqui foi dito bem claro que este convite era em favor
da vida de todos, porque salvar a vida é um ato de paz no mundo e que a consciência
dos fiéis deve ser a primeira a gritar e levantar a voz para defender o respeito pelos
outros, para defender a vida dos inocentes. Creio que nisto devemos merecer um elogio
por defendermos a objeção de consciência".
Por fim, o presidente da Pontifícia
Academia para a Vida se referiu aos grupos culturais, econômicos, que colocam obstáculo
à defesa da vida: "Sem dúvida há interesses econômicos ou visões culturais que exasperam
simplesmente a liberdade de agir, a liberdade de comportamento, sem cair na conta
que toda liberdade humana tem sua responsabilidade e tem o seu limite frente à vida
dos outros. Há, portanto, correntes culturais com visões não plenamente humanas sobre
o direito à vida." (MZ)