Phnom Penh, 21 mar (RV) - Depois do drama vivido no reinado de terror dos Khmer
vermelhos, a comunidade cristã do Camboja começa a crescer de novo e a encontrar seu
espaço
Pe. François Ponchaud é um nome que não pode ser esquecido, quando
se fala dos dramas vividos no Camboja, na segunda metade do século XX. Esse sacerdote
católico trabalhava no país desde 1965, e em 1977, escreveu o livro "Camobge Année
Zero" (Camboja, ano zero), sobre o reino de terror dos Khmer vermelhos.
Esse
retrato chocante foi recebido com indignação, numa Europa pouco disposta a aceitar
o genocídio no Camboja e que preferiu voltar os olhos para os outro lado.
Após
a publicação do livro, Pe. Ponchaud entrou numa "crise religiosa": "Senti-me abandonado
por Deus _ diz ele _ não só por causa dos horrores que testemunhei, mas também porque
as pessoas duvidaram de tudo o que eu tinha, de fato, visto e ouvido" _ ressalta.
A
verdade emergiu, finalmente, depois do final do regime comunista dos Khmer vermelhos:
de 1975 a 1979, o regime ceifou a vida de cerca de dois milhões de pessoas, quase
um terço de toda a população do Camboja, tanto nos campos de extermínio quando nos
trabalhos forçados, em arrozais.
Pe. François Ponchaud foi expulso nos anos
70, mas já regressou ao Camboja. Hoje, trabalha como pároco nas aldeias de Chamlat
e Trapeang Kondaol, no sudoeste do país.
Neste momento, o Camboja está dividido
em três províncias eclesiásticas: o vicariato apostólico de Phnom Penh e as prefeituras
apostólicas de Battambang e Kompong Cham.
Em Chamlat, uma igreja acaba de ser
construída, com a ajuda da fundação "Ajuda à Igreja que Sofre" (AIS). O número de
cristãos caiu drasticamente, como resultado das perseguições na década de 70 e da
conseqüente fuga das populações.
Apesar de o número de pessoas que professam
a fé católica, atualmente, ser inferior a 1%, o número de paróquias está crescendo.
Em Phum Thmei, a comunidade é assistida por um missionário equatoriano, que para ali
se desloca todos os fins de semana. (MZ)