AUDIÊNCIA GERAL: BENTO XVI DESTACA IMPORTÂNCIA DA UNIDADE ENTRE BISPOS, CLERO E FIÉIS
Cidade do Vaticano, 14 mar (RV) - Unidade de todo fiel a Cristo, a ponto de
fazer-se seu imitador. Unidade do clero e dos fiéis com os bispos, que se traduza
depois em anúncio do Evangelho ao mundo. Na Audiência Geral desta manhã, realizada
na Praça São Pedro, Bento XVI falou aos cerca de 40 mil fiéis e peregrinos presentes,
sobre a experiência de fé, chamada a uma síntese "entre comunhão e missão". E o fez,
partindo das palavras de uma das personalidades mais carismáticas da Igreja primitiva:
Santo Inácio de Antioquia.
"Não tomar, sem o bispo, nenhuma iniciativa naquilo
que concerne à Igreja." Vem-nos da Igreja mais antiga _ aquela na qual se "sente o
frescor dos primeiros tempos" e o eco de uma geração que "conheceu os apóstolos" _
um dos pontos firmes sobre o quais se rege a sua bimilenária tradição: a estreita
comunhão entre as várias partes da comunidade cristã tendo o bispo como cabeça.
Em
sua catequese, Bento XVI apresentou o exemplo de um célebre pastor de Antioquia, Santo
Inácio, definido como "um doutor da unidade", graças à iluminada energia com a qual
se opôs às heresias que começavam a difundir-se naquele tempo, nos primeiros anos
do ano 100 depois de Cristo.
"Nenhum Padre da Igreja expressou com a intensidade
de Inácio, o anseio à união com Cristo e à vida n'Ele. Na realidade, confluem em Inácio,
duas correntes espirituais: a corrente de Paulo _ toda voltada para a união com Cristo,
e a corrente de João _ concentrada na vida n'Ele. Por sua vez, essas duas correntes
desembocam na imitação de Cristo."
Essa "irresistível propensão" de Inácio
para a unidade com Cristo, observou Bento XVI, funda uma verdadeira "mística da unidade".
Mas, explicou o papa, a unidade "no estado puro" se encontra "somente em Deus". Portanto,
aquilo que os homens podem realizar "não é outra coisa senão uma imitação o mais possível
conforme" ao modelo. Como o papa Clemente Romano _ outra figura eminente do Cristianismo
antigo, proposta pelo Santo Padre na quarta-feira passada _ também Santo Inácio de
Antioquia insiste com ensinamentos e imagens sobre o valor "da unidade fundamental
que une entre si todos os fiéis em Cristo".
"É evidente a responsabilidade
peculiar dos bispos, dos presbíteros e dos diáconos na edificação da comunidade. Vale,
sobretudo, para eles, o convite ao amor e à unidade. Inácio, por primeiro na literatura
cristã, atribui à Igreja o adjetivo "católica", isto é, universal. E, justamente no
serviço de unidade à Igreja Católica, a comunidade cristã de Roma exerce, segundo
ele, uma espécie de primado no amor. Como se vê Inácio é realmente "doutor da unidade".
"Em
suma, é necessário se chegar a uma síntese entre comunhão da Igreja dentro de si e
missão. E peçamos ao Senhor que nos ajude a encontrar essa unidade, que nos ajude
a ser finalmente encontrados sem mancha, porque é o amor que purifica as almas" _
concluiu o papa.
Ao término de sua catequese, o pontífice passou a saudar os
diversos grupos de fiéis e peregrinos presentes, falando-lhes em suas respectivas
línguas. Eis o que disse aos de língua portuguesa: "Amados peregrinos de língua
portuguesa, os comentários feitos há pouco, sobre Santo Ignácio de Antioquia, nos
ajudam a seguir os passos de um santo mártir, que lutou pela unidade com Deus e com
a Igreja. Isso mesmo é o que hoje desejo para todos, ao encorajar-vos a ser testemunhas
da fé, em união com o Sucessor de Pedro. Ao dar-vos as boas-vindas, saúdo a todos
os presentes, de modo particular os grupos de portugueses e de brasileiros, neles
incluindo a Comunidade "Shalom", de Fortaleza, com os votos de que leveis avivada
a consciência de serdes Igreja missionária, desejosa de contribuir para a unidade
de todos os homens na verdade e no amor! Com a minha bênção, extensiva aos vossos
familiares e comunidades eclesiais." (RL)