REABILITAÇÃO DE PE. CÍCERO: VATICANO AINDA NÃO CONCLUIU ESTUDO
Crato, 20 mar (RV) - Decorridos dez meses da entrega de documentos, solicitando
a reabilitação De Pe. Cícero Romão Batista, a Santa Sé ainda não emitiu nenhuma informação
oficial sobre a conclusão dos estudos.
O bispo de Crato, Dom Fernando Panico,
que voltou a Roma em janeiro passado, recebeu a notícia de que a documentação está
sendo estudada. Entretanto, não lhe foi acrescentada nenhuma informação sobre o prazo
para seu término. Ele advertiu que é preciso calma e paciência. Lembrou que o Pe.
Cícero dava exemplo dessas virtudes, de paciência e obediência à Igreja. "Nós também
queremos imitá-lo nesse aspecto" _ disse.
Pe. Cícero costumava dizer: "Cautela
e caldo de galinha não fazem mal a ninguém." Com base nesse provérbio, o bispo fez
um apelo, para que "continuemos rezando, a fim de que a Santa Igreja possa definir
seu parecer sobre esta delicada questão de Pe. Cícero que, como no passado, encontra
resistência em alguns setores". A Igreja, segundo Dom Fernando, quer estudar em profundidade,
toda a história e os casos, para depois, com muita calma e prudência, dar seu parecer.
Ao
fazer esse comentário, Dom Fernando Panico pediu aos políticos e autoridades para
que dêem exemplo de paciência nessa espera da palavra final de Roma. Recomendou que,
se quiserem que o processo caminhe tranqüilamente, não deve haver pressões de nenhum
tipo.
Dom Fernando Panico informou ainda, que não está prevista nenhuma audiência
com Bento XVI, que vem ao Brasil no mês de maio, quando será canonizado o primeiro
santo brasileiro _ Antônio de Sant'Ana Galvão, conhecido Frei Galvão. O momento, segundo
o bispo, não é oportuno para tratar do assunto "Pe. Cícero".
Os documentos
solicitando a restauração dos direitos canônicos de Pe. Cícero foram entregues à Congregação
para a Doutrina da Fé, por Dom Fernando, que liderou uma comitiva de quase 100 pessoas.
A Igreja cassou os direitos canônicos de Pe. Cícero Romão Batistas depois que ele
começou a ganhar fama como milagreiro e a levar multidões de fiéis a Juazeiro do Norte.
Sua
notoriedade começou em 1889 quando, segundo se conta, uma hóstia que ele entregou,
na comunhão, a Maria de Araújo, se transformou, na boca da beata, em sangue. O mesmo
fenômeno teria se repetido centenas de vezes, mas era sempre negado pela cúpula da
Igreja Católica. Por insistir em reafirmar o milagre, Pe. Cícero foi excomungado em
1917, sendo perdoado em seguida. Em 1921, porém, foi suspenso do ministério. (MZ)