IGREJA PROMOVE AUTÊNTICO DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO _ AFIRMA DIRETOR DO OBSERVATÓRIO
VATICANO
Cidade do Vaticano, 20 mar (RV) - Faltam quase dois anos, mas a comunidade
científica já está se preparando para o grande evento de 2009: o Ano da Astronomia.
Entre os cientistas que aguardam este evento com particular expectativa estão os padres
jesuítas do Observatório Vaticano _ o histórico observatório astronômico diretamente
dependente da Santa Sé. Uma história de pesquisa científica que nasce oficialmente
com Leão XIII, como nos recorda o diretor do Observatório Vaticano, Pe. José Gabriel
Funes.
Foi o papa Leão XIII quem "criou" o Observatório Vaticano, ainda que,
na verdade, no Vaticano já existia um "observatório" _ precisa Pe. Gabriel Funes _
e se encontrava no que hoje chamamos a "Torre dos Ventos". Nela se faziam observações
meteorológicas. Ainda antes, recordamos o papa Gregório XIII e sua reforma do calendário,
para o qual ele instituiu uma comissão especial, da qual também fazia parte um famoso
jesuíta, Pe. Clavio. Pode-se falar, desde aquela época, do interesse da Igreja pela
astronomia.
Em 1891 _ continua o diretor do Observatório Vaticano _ teve início
um período difícil para as relações entre ciência e Igreja, ou melhor, entre homens
da ciência e homens da Igreja. Leão XIII era muito interessado a demonstrar que a
Igreja não era contra a ciência: a ciência "boa" que, aliás, estima e promove. E assim
nasceu o Observatório Vaticano.
Depois, com Pio XI, em 1935, o Observatório
foi transferido do Vaticano para Castel Gandolfo, onde se encontra até hoje. Para
compreender o motivo dessa transferência de sede é necessário recordar que os astrônomos
precisam de céus escuros, e já nos anos 30, Roma não mais oferecia essa possibilidade:
por isso o Observatório se transferiu para Castel Gandolfo, para poder continuar fazendo
pesquisas astronômicas. Naquele período, os jesuítas chegaram ao Observatório: o primeiro
diretor jesuíta foi nomeado em 1906.
Naquele período _ estamos falando do início
do século XX _ o Observatório Vaticano estava em dificuldade. O diretor da época não
era um homem com formação especializada em astronomia, mas o Observatório participava
de um grande projeto internacional que se chamava "Mapa do céu". O diretor de então
não tinha condições de portar avante esse projeto. O modo melhor de reconduzir o Observatório
Vaticano ao prestígio que tinha, era dirigir-se a homens formados no campo da astronomia.
E os jesuítas pareciam os religiosos mais preparados para essa missão. Por isso, os
jesuítas assumiram o Observatório Vaticano que, até hoje, é confiado à Companhia de
Jesus _ explica Pe. José Gabriel Funes. (RL)