REVISTA "VEJA" MANCHA O NOME DE DOM IVO E DESAPONTA IGREJA CATÓLICA
São Paulo, 15 mar (RV) - A revista "Veja", do último dia 14 (edição 1.999),
na secção "Datas", que registra a morte de personagens importantes da história do
país, não deixou de mencionar o falecimento de Dom Ivo Lorscheiter, mas o fez de forma
polêmica. O trecho apresenta Dom Ivo como alguém que pregou a "politização do Evangelho,
para o bem e para o mal". Os conceitos usados na página 89 da edição da "Veja", foram
repudiados, severamente, pela Igreja Católica e por políticos, principalmente aqueles
de Santa Maria, Rio Grande do Sul, que conviveram com Dom Ivo, bispo emérito da Diocese.
O
prefeito Valdeci Oliveira divulgou uma nota à imprensa, classificando como "desrespeitosos,
falaciosos e covardes os termos usados pela revista, ao tentar descrever o trabalho
do religioso". "...a revista "Veja" (...) criminalizou covardemente a trajetória de
um religioso que dedicou sua vida ao combate às desigualdades e à promoção da paz,
dos direitos humanos e da liberdade de imprensa inclusive. Afirmar que Dom Ivo apoiou
bandos armados é uma provocação incomensurável a todos aqueles que militam pelas causas
sociais e que lutam por um Brasil mais igualitário e democrático. Somos defensores
da liberdade de imprensa, mas não podemos aceitar, de forma alguma, uma deturpação
desse nível, travestida de registro jornalístico" _ criticou Valdeci.
Pe. Sílvio
Weber, assessor de comunicação da Diocese de Santa Maria, que também assessorou Dom
Ivo durante mais de 10 anos, afirmou que a Diocese e seu atual bispo, Dom Hélio Adelar
Rubert, estão impressionados com o tom "maldoso" da linguagem usada pela "Veja". "Bandos
armados? Quem escreveu aquele texto não conhece, nem acompanhou, tudo o que foi dito
e mostrado da vida de Ivo Lorscheiter. Pior do que isso, não se deu conta de que ele
não está mais aqui para se defender. Mas a própria sociedade repudia o que disse esta
revista" _ afirmou Pe. Sílvio.
A CNBB também não se calou, e publicou uma nota
de repúdio, denunciando: "Sem meias palavras, a revista acusa o bispo de um crime.
A CNBB sente profunda dor e manifesta seu firme repúdio às acusações infundadas contra
Dom Ivo, exigindo da revista, a justa reparação ao mal feito."
A coordenadora
do projeto Esperança-Cooesperança, Ir. Lourdes Dill, diz que recebeu o contrário do
que esperava da publicação. "Achei que viessem páginas sobre a trajetória de um lutador,
mas veio uma nota com mentiras, sobre alguém que não é Dom Ivo" _ declarou.
Além
do prefeito de Santa Maria, outros nomes da política nacional se indignaram com tais
ditos. O deputado federal Paulo Pimenta, aproveitou seu pronunciamento no plenário
da Câmara dos Deputados, em Brasília, e fez seu comentário. "É absurdo uma revista
de circulação nacional usar o obituário para falar sobre a vida de alguém. Eles perderam
qualquer tipo de cuidado ou cautela" _ disse o parlamentar, afirmando que não foi
o único a se decepcionar.
Por sua vez, o presidente da Câmara, deputado Arlindo
Chinaglia, já aprovou uma sessão solene especial para homenagear Dom Ivo. (MZ)