INICIADO PROCESSO DE BEATIFICAÇÃO DO DESCOBRIDOR DA CAUSA DA SÍNDROME DE DOWN
Paris, 14 mar (RV) - O arcebispo de Paris, Dom André Vingt-Trois, anunciou
ontem, a abertura da causa de beatificação de Jérôme Lejeune, pai da genética moderna
e descobridor da causa da Síndrome de Down. Com a autorização do Vaticano, o arcebispo
nomeou Pe. Jean Charles Naud, prior da Abadia de Saint Wandrille, como postulador
da causa.
No Brasil, pouco se sabe sobre sua vida, suas pesquisas e sua personalidade.
O
prof. Jérôme Lejeune nasceu em 1926, na cidade de Montrouge, França. Cresceu no seio
de uma família muito unida, o que lhe permitiu desenvolver suas aptidões físicas,
intelectuais e espirituais. Muito reconhecido, ele manifestou uma constante veneração
por seus pais, que permitiram a cada filho, realizar seus talentos com toda liberdade.
"Minha família foi a maior recompensa recebida em minha vida" _ dizia Lejeune.
Durante
seus estudos, seu pai sempre o orientou, não no sentido de armazenar conhecimentos
enciclopédicos, mas a desenvolver suas capacidades intelectuais pelo exercício das
mesmas. Nessa perspectiva, sua formação humanística foi muito grande. Ele se consagrou
particularmente aos estudos do latim e grego, além da religião, filosofia, literatura,
matemática e geometria. Concluiu seus estudos secundários em 1946. Sua adolescência
foi marcada pela guerra, como a de todos de sua geração.
O prof. Lejeune começou
seus estudos de Medicina, desejando ser um médico na área rural. Isso determinou,
durante certo tempo, suas escolhas de estágios de formação. Mas, rapidamente, ele
se interessou pelo enigma do mongolismo e manifestou sua vontade de trabalhar sobre
os mecanismos e a caracterização dessa doença.
Ao aprofundar seus estudos de
genética, o prof. Lejeune seguiu o objetivo de toda sua carreira: aliviar o sofrimento,
tratando _ e curando _ na medida do possível, fiel ao juramento de Hipócrates.
O
cientista publicou seu descobrimento sobre a causa da síndrome de Down e do cromossomo
21, em 1959, quando tinha apenas 33 anos. Três anos depois, em 1962, foi nomeado perito
em genética humana, na Organização Mundial da Saúde, e em 1964, diretor do Centro
Nacional de Pesquisas Científicas da França.
A Faculdade de Medicina da Sorbonne
criou, especialmente para ele, a primeira cátedra de Genética Fundamental. O prof.
Jérôme Lejeune foi também o primeiro presidente da Pontifícia Academia para a Vida.
O pai da genética moderna morreu em 3 de abril de 1994.
Sua morte foi objeto
de numerosas manifestações: uma longa carta de João Paulo II à sua família, elogios
em várias academias de ciências, discursos de autoridades políticas, científicas e
culturais. Milhares de cartas chegaram do mundo inteiro. Uma frase apareceu, em comum,
entre muitas cartas de pais: "Ele nos ensinou a amar nossa criança". (CM)