Inundações em Moçambique:um cenário dramático com risco elevado de fome e doenças
(9/3/2007) Quase 122 mil das 285 mil pessoas afectadas pelas cheias no vale do Zambeze,
no centro do país, correm o risco de enfrentar uma situação de fome face à perda de
colheitas nesta região do país. De acordo com o ministro da Planificação e Desenvolvimento,
Aiuba Cuereneia, um total de 80 mil hectares de culturas diversas terão ficado perdidas
em consequência das cheias. A avaliação final só será feita, no entanto, no final
deste mês, altura em que terminam as primeiras colheitas, já em curso. Para contrariar
a destruição das colheitas, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação
(FAO) deverá proceder em Abril à distribuição de sementes nas províncias afectadas,
num processo avaliado em 1,3 milhões de dólares; cerca de 990 mil euros. Esta semana,
o Governo moçambicano estimou em 71 milhões de dólares – 54,1 milhões de euros – o
custo da reparação dos danos causados pelas cheias no centro do país e pela passagem
do ciclone Favio. A reconstrução de infra-estruturas públicas, a reactivação da produção
agrícola e a reinstalação económica e social das populações são alguns dos projectos
concretos a serem financiados pelo erário público moçambicano e por doadores internacionais.De
acordo com o mais recente balanço, o ciclone Favio, que atingiu Moçambique com ventos
superiores a 200 quilómetros, fez dez mortos e 92 feridos. No vale do Zambeze, as
piores cheias dos últimos anos atingiram 285 mil pessoas, 107.534 das quais foram
encaminhadas para centros de realojamento temporário. Entre as infra-estruturas mais
afectadas estão as escolas, estimando-se que quase mil salas de aulas nas províncias
de Manica, Solafa, Tete, Zambézia, no centro do país, e Inhambane, no sul, tenham
sido total ou parcialmente destruídas, afectando um total de cerca de 46 mil alunos.