2007-02-28 18:30:33

"Viver em conformidade com o que se professa": primeira conferência quaresmal do Bispo da Guarda


(28/2/2007) Professar a fé não consiste em enunciar apenas um conjunto de verdades, mas antes viver em conformidade com o que se professa. Os critérios para avaliar a autenticidade da fé são “frutos da justiça e da caridade que existem ou não existem no dia a dia”, aponta D. Manuel Felício no “primeiro degrau da caminhada para a Páscoa”.
Esta avaliação, que o Bispo da Guarda apontou na primeira conferência quaresmal, deve pautar o caminho quaresmal. Professar a fé implica a superação de muitas tentações, que também “cristãos e comunidades cristãs terão de saber enfrentar e vencer no mundo actual”.
A tentação do poder e do domínio sobre o mundo e sobre os homens, a tentação materialista e a tentação de “instrumentalizar Deus e a religião colocando-as ao serviço de interesses pessoais”, são provas pelas quais “Jesus teve que passar, mas que não perderam a sua actualidade nos dias de hoje”, sublinha D. Manuel Felício.
O Bispo da Guarda constata que na cultura actual não é fácil professar e viver a fé. “As raízes cristãs estão a ser abaladas com a introdução de novos hábitos, de novos critérios de comportamentos que não dignificam e respeitam a pessoa na sua autêntica verdade”. As referências cristãs são “sujeitas a utilizações e interpretações desligadas da sua raiz”. A profissão de fé nas circunstâncias actuais “implica necessariamente dar nova vida a um mundo descristianizado, afastado da prática cristã”, aponta.
A Quaresma é um tempo de “exame de consciência”, para reflectir sobre as novas formas de “fazer compreender Cristo e a sua Mensagem ao espírito moderno”. Esta análise implica “assumir com coragem as nossas responsabilidades de cidadãos e de cristãos”, mostrando às pessoas que “a raiz do seu valor e da sua dignidade está no facto de serem imagem e semelhança de Deus”, sublinha D. Manuel Felício, pois as culturas serão tanto mais humanas e humanizantes “quanto mais conseguirem traduzir esta dimensão transcendente dos seres humanos”.
Intervir socialmente e na opinião pública para denunciar e corrigir agressões “é também um professar a nossa fé”. O Bispo da Guarda afirma que “não são as culturas que determinam a natureza do homem, mas é a natureza humana que é a medida da cultura” por isso nenhum ser humano deve ser “prisioneiro de modelos de comportamento humano e social impostos por culturas em contradição com aspirações mais profundas”.
No contexto actual da sociedade portuguesa, D. Manuel Felício afirma que “devemos resistir à tentação de adaptar o nosso comportamento aos modelos sociais e à mentalidade dominante só para sermos modernos, actualizados, prejudicando a fidelidade ao valores da fé e aos valores humanos fundamentais”.
A formação permanente na fé, através da catequese, é apontado por D. Manuel Felício como a forma de “iluminar as realidades humanas actuais com uma linguagem actual”.








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