IGREJA NA REPÚBLICA TCHECA E NA ESLOVÁQUIA SEGUEM EXEMPLO DA IGREJA NA POLÔNIA E INVESTIGAM
COLABORACIONISMO
Varsóvia, 21 fev (RV) - A Conferência Episcopal Polonesa vai difundir, oficialmente,
hoje, o texto da carta com a qual Bento XVI expressa sua gratidão a Dom Stanislaw
Wielgus, que renunciou ao cargo de arcebispo de Varsóvia, no início de janeiro, pressionado
pela acusação de ter colaborado com os serviços secretos comunistas. Na carta, segundo
os membros do Conselho Permanente do Episcopado, o papa elogia a atitude de humildade
assumida pelo arcebispo.
Os membros do Conselho reuniram-se ontem, excepcionalmente
com a presença do primaz da Polônia, Cardeal Jozef Glemp, do cardeal-arcebispo de
Cracóvia, Stanislaw Dziwisz, e do núncio apostólico em Varsóvia, Dom Jozef Kowalczyk.
Hoje,
quarta-feira de cinzas, o clero polonês celebra um dia especial de oração e penitência.
Como auspiciou o próprio papa, domingo passado, os bispos lançaram um apelo em favor
da reconciliação e da confiança entre os sacerdotes e os fiéis. Em todas as dioceses
do país, serão dedicadas orações "pelo perdão, na Igreja polonesa de hoje, e pela
concórdia no futuro", sob a proteção da Divina Misericórdia.
Seguindo o exemplo
do Episcopado polonês, também os bispos da Eslováquia e da República Tcheca decidiram
esclarecer os fatos da Igreja, no passado, na então Tchecoslováquia, durante o regime
comunista.
A intenção é conduzir um inquérito histórico global, sobre o fenômeno
do "colaboracionismo".
Na Eslováquia, já foi criada uma comissão especial de
historiadores, presidida pelo bispo de Nitra, Dom Viliam Judák, para investigar sobre
as relações da Igreja local com a polícia secreta do regime, a famigerada STB. O inquérito
cobrirá o período que vai de 1948 a 1989, mas também o precedente, de 1939 a 1944,
quando, sob a ditadura de Mons. Jozef Tiso, cerca de 70 mil judeus foram deportados.
No
dia 12 de fevereiro de 1939, Hitler propõe a Vojtech Tuka e a Franz Karmasin, dirigentes
separatistas eslovacos, em vista a Berlim, que o governo autônomo eslovaco de Mons.
Jozef Tiso, fascista, declarasse a independência, e se separasse da Tchecoslováquia.
Em
14 de março de 1939, ameaçada de ser dividida entre Alemanha, Polônia e Hungria, a
Eslováquia decidiu declarar sua independência da Tchecoslováquia, formando a primeira
República Eslovaca, e Mons. Jozef Tiso foi escolhido como primeiro-ministro.
O
novo debate sobre o colaboracionismo, reaberto nas últimas semanas, levou os bispos
dos dois países, nascidos da separação pacífica de 1993, a declarar, várias vezes,
que a Igreja naqueles anos, foi, antes de tudo, vítima e perseguida. (CM)