2007-02-22 09:31:53

Espaços de liberdade para a transformação do mundo: uma reflexão da comissão nacional portuguesa "justiça e paz", para a Quaresma 2007


(21/2/2007) Por ocasião do tempo quaresmal a Comissão Nacional Justiça e Paz pretende, reflectir sobre a sociedade e o mundo percebendo, através das mudanças sociais, os sinais dos tempos.
“Preocupa-nos o pessimismo reinante no nosso país”, que se encontra generalizado, e parece ter encontrado terreno de propagação, “vai impedindo o empenhamento pessoal”. Os cristãos que vivem neste mundo não podem deixar de lado “a fé que nos anima nem aceitar as perspectivas pessimistas que predominam”. Ao invés é preciso que o conhecimento e o progresso material sejam “efectivamente postos ao serviço da pessoa humana e de toda a Humanidade”.
O documento aponta que sobressaem as situações de sofrimento, de mortes, por efeito da pobreza, de guerras, do terrorismo e das chamadas “catástrofes naturais”, sendo também cada vez mais generalizada a “rejeição da consciência colectiva, dessas situações”. As desigualdades sociais e a exclusão social são também registadas no nosso país.
A CNJP regista “um espaço de liberdade”, onde os homens e as mulheres podem exercitar a sua missão de construtores de justiça e de paz, lutando por um mundo mais humano e mais solidário”. A identificação desse espaço de liberdade é uma exigência para quem deseje exercer a cidadania, “um imperativo para os cristãos, que devem ser «sinais de ressurreição»”.
“Deve haver um aperfeiçoamento da democracia”, aponta a CNJP. Segundo o documento, “a sociedade portuguesa parece feita de três «corpos» distintos.
A vida económica, a esfera da governação e a sociedade propriamente dita. Mas a sociedade e as pessoas que a constituem “são o verdadeiro objectivo da vida política e da vida económica”, sublinha no documento. “A compartimentação da vida social naquelas três realidades está na origem do tão falado «défice democrático»”, pois a a resolução desse défice está também nas mãos dos cidadãos e cidadãs do país.
“A economia e a politica existem para realizar o bem comum das sociedades e do mundo”, sublinha a CNJP, mas no contexto actual “o progresso económico confunde-se com o crescimento económico”, daí que “as desigualdades de rendimento e riqueza persistam de forma gritante”.
A mudança que urge “não pode ficar na exclusiva dependência dos governos, carece de uma adesão de todos os agentes económicos e socais”, devendo as empresas ter a sua “responsabilidade social”.
“São cada vez mais numerosas as iniciativas no domínio da afirmação de um consumo ético e responsável a par da promoção de um comércio justo ou da ética do necessário”, aponta a CNJP sublinhando a necessidade de que o comportamento de todos “seja orientado por finalidades com conteúdo ético”. A participação é um elemento essencial da democracia representativa, “sem um mecanismo que aproxime os eleitos dos eleitores, e os ponha em contacto, persiste uma distância que prejudica a democracia”.
“A participação requer mecanismos que a promovam e facilitem. Mas, antes disso, exige canais de informação e comunicação entre os poderes públicos e a sociedade civil”.
As mudanças necessárias competem aos que detêm a autoridade que lhes foi atribuída com vista à promoção do bem comum da sociedade. “Mas compete também a todos os membros da sociedade envolverem-se nesta mudança”, cabendo a cada um procurar as formas de intervenção mais adequadas à sua participação.
A CNJP valoriza a crescente consciência de que é necessário “procurar alternativas de vida mais saudável, mais solidária e mais feliz”, sendo por isso importante conhecer e acarinhar “os movimentos e iniciativas que neste domínio se vêm desenvolvendo”. Em Portugal, estes movimentos têm “insuficiente visibilidade”, mas salienta “o seu alcance simbólico”. São de valorizar “as iniciativas como as do “Banco do Tempo” e muitas outras que têm sido desenvolvidas no âmbito do voluntariado e da economia social”.
A CNJP convida todos a uma reflexão sobre a forma de “ criar espaços de fraternidade, de liberdade, de justiça e de paz”, atendendo as pessoas marginalizadas e excluídas, sejam portugueses ou estrangeiros, “procurando novos caminhos de vida, e de modos alternativos de organização socio-económica”.








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