2007-02-19 15:42:47

BENTO XVI: "AMANDO O INIMIGO, O CRISTÃO REALIZA SUA REVOLUÇÃO"


Cidade do Vaticano, 18 fev (RV) - "Amando o inimigo, o cristão realiza sua revolução, que não se baseia nas estratégias econômicas ou políticas": foi o que afirmou Bento XVI, na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus, ao meio-dia, com os fiéis reunidos na Praça São Pedro.

O Evangelho deste domingo _ disse o papa _ contém uma das palavras mais típicas e fortes da pregação de Jesus: "Amai os vossos inimigos". É tirada do Evangelho de Lucas, mas se encontra também em Mateus, no contexto do discurso programático, que se abre com as famosas "bem-aventuranças".

Mas por que Jesus pede que amemos os inimigos? _ pergunta-se o papa. Na realidade, a proposta de Cristo é realista, porque leva em consideração que, no mundo, há muita violência e muita injustiça. Para se superar essa situação, é necessário mais amor e mais bondade. Bento XVI explicou que esse "mais" vem de Deus, cuja misericórdia pode levar o mundo "do mal para o bem, a partir do pequeno e decisivo mundo que é o coração humano".

A seguir, o papa explicou o valor e o significado da não-violência cristã como mensagem de fé e de amor no mundo.

"O amor ao inimigo constitui o núcleo da "revolução cristã", uma revolução que não se baseia em estratégias de poder econômico, político ou mediático. A revolução do amor, um amor que não se apóia, definitivamente, nos recursos humanos, mas que é um dom de Deus, que se obtém confiando unicamente e sem reservas, em Sua bondade misericordiosa. Eis a novidade do Evangelho, que transforma o mundo sem fazer barulho. Eis o heroísmo dos "pequenos", que acreditam no amor de Deus e o difundem até mesmo a custo da própria vida."

O papa recordou que o tempo de Quaresma _ que tem início na próxima quarta-feira, com o rito das cinzas _ é o tempo favorável, no qual todos os cristãos são convidados a se converterem mais profundamente ao amor de Cristo.

Antes de se despedir dos fiéis presentes na Praça São Pedro, o Santo Padre pediu respeito aos direitos humanos e civis na Guiné, e assegurou suas orações para superação da crise que o país atravessa.

"Os bispos daquela nação me expressaram a própria apreensão, pela situação de paralisação social, com greves generalizadas e reações violentas, que já causaram várias vítimas. Pedindo respeito aos direitos humanos e civis, asseguro minha oração para que o comum empenho a percorrer a estrada do diálogo leve a superar a crise!"

Na segunda-feira passada, o presidente da Guiné, Lansana Conté, decretou o "estado de sítio" e o "toque de recolher" no país, para fazer frente a protestos que, segundo as Nações Unidas, causaram mais de 100 mortos.

A crise eclodiu no dia 10 de janeiro, com o início de uma paralisação convocada por sindicatos e organizações sociais para exigir um novo plano econômico que acabe com a recessão econômica.

Os protestos se estenderam até fins de janeiro, quando foi assinada uma série de acordos políticos, que estabeleciam a nomeação de um novo primeiro-ministro independente. No entanto, Conté escolheu para o cargo o ex-ministro da presidência, Eugène Camara, o que gerou outra onda de manifestações. (SP)







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