BENTO XVI FAZ APELO EM FAVOR DA NEGOCIAÇÃO SOBRE A DESNUCLEARIZAÇÃO DA PENÍNSULA COREANA
Cidade do Vaticano, 15 fev (RV) - A corrida ao nuclear, na península coreana,
preocupa a Santa Sé, e Bento XVI convida as partes em causa a não comprometerem a
delicada negociação em andamento, mas, pelo contrário, a fazerem tudo aquilo que for
possível, para resolver pacificamente a questão. O apelo está contido na carta entregue
esta manhã, pelo Santo Padre, ao presidente da Coréia do Sul, Roh Moo-hyun, recebido
em audiência no Vaticano.
No encontro privado entre ambos, que durou pouco
menos de meia hora, o pontífice e o chefe de Estado sul-coreano evocaram _ segundo
nota oficial da Sala de Imprensa vaticana _ "as cordiais relações entre a Santa Sé
e a República da Coréia, bem como o entendimento e a cooperação existentes entre a
Igreja Católica e as autoridades civis".
A situação política e social no leste
da Ásia e, em particular, "a evolução do processo de reconciliação na península coreana,
e o respeito e promoção dos direitos humanos naquela região" foram os outros temas
do colóquio, que fizeram eco à carta de Bento XVI ao presidente da Coréia do Sul.
"Exorto
as partes envolvidas _ diz o papa em sua carta _ a fazerem todo o possível para resolver,
com meios pacíficos, as tensões atuais, e a se absterem de todo gesto ou iniciativa
que possa colocar em perigo as negociações, certificando-se, enquanto isso, de que
a parte mais vulnerável da população norte-coreana tenha acesso à ajuda humanitária."
O
Pontífice usa palavras prementes, quando toca um dos pontos nevrálgicos da questão
internacional, ou seja, a corrida aos armamentos nucleares e a negociação em andamento
com a Coréia do Norte. Bento XVI define a corrida ao nuclear como um "risco" e uma
"fonte ulterior de preocupação" também para a Santa Sé, que acompanha de perto os
desdobramentos da situação.
A carta do Santo Padre é uma carta rica de solidariedade
e de compreensão por todas as circunstâncias, históricas e atuais pelas quais atravessam
os dois países do 38º paralelo. "Por mais de cinqüenta anos _ lê-se no texto pontifício
_ a população coreana sofreu as conseqüências da divisão": famílias separadas, parentes
e vizinhos "separados uns dos outros".
"O mundo moderno _ observa o papa _
é tristemente marcado por um crescente número de ameaças contra a dignidade da vida
humana" e, portanto, desejo manifestar meu apreço a "todos aqueles que, no seu país,
trabalham para apoiar e defender a sacralidade da vida, o matrimônio e a família,
setores nos quais, como se sabe, a Igreja Católica na Coréia é particularmente ativa".
O
olhar de Bento XVI se volta para a realidade social interna da Coréia do Sul: "Seu
país _ afirma em sua carta ao presidente sul-coreano _ experimentou recentemente,
um notável desenvolvimento econômico, pelo qual sou grato a Deus. Ao mesmo tempo,
porém _ prossegue _ estou ciente de que nem todos os cidadãos se encontram em condições
de desfrutar plenamente dessa prosperidade. Peço, portanto, a seu governo _ conclui
o papa _ que trabalhe com todos aqueles que buscam promover o bem comum e a justiça
social." (RL)