Apostas pastorais do novo Bispo de São Tomé e Principe, que será ordenado em Fátima
este sábado dia 17 de Fevereiro
(16/2/2007) O novo bispo de S. Tomé e Príncipe, D. Manuel António dos Santos será
ordenado, amanhã (17 de Fevereiro), em Fátima. Em miúdo já dizia que queria ser missionário
mas esteve alguns anos no Seminário Diocesano de Lamego até descobrir os Missionários
Claretianos. "O seu carisma identifica-se com as minhas inquietações e com o meu ideal
missionário" - disse D. Manuel António ao ECCLESIA. Depois da formação teológica
e filosófica foi ordenado sacerdote. Em 1994 foi enviado missionário para as Ilhas
que agora o recebem como pastor diocesano."Creio que se não tivesse trabalhado em
S. Tomé seria mais difícil ser escolhido para aquelas terras" - realçou. Ser bispo
missionário é continuar a desempenhar as tarefas pastorais mas "há novas responsabilidades.
Irei colocar-me ao serviço da Igreja mas não esquecendo a dimensão missionária". Os
claretianos têm uma presença forte naquelas ilhas, a sua chegada deu-se em 1927, e
a história religiosa de S. Tomé e Príncipe não pode ser feita sem se fazer referência
a estes missionários. Apostar na evangelização S. Tomé e Príncipe tem "características
muito próprias" e "a diocese corresponde ao país". Há uma cultura "híbrida" entre
a Europa e a África mas com "uma presença forte da Igreja Católica". Sendo bastante
acidentada, as comunicações "nem sempre são fáceis" - lamentou. A Igreja tem de continuar
a apostar na evangelização continuada daquele povo através da "formação de líderes
e catequistas". O apoio social é fundamental para aquele povo. "A Igreja - através
das várias congregações - tem feito um grande trabalho nesta área". D. Manuel
António irá substituir D. Abílio Ribas que completou 76 anos recentemente. A falta
de vocações naturais daquele país lusófono é notória mas - frisou D. Manuel António
- "espero que, nos próximos anos, seja um são-tomense assumir aquela diocese". Neste
país africano, a democracia está consolidada mas "com características muito próprias".
Assimilou muito dos países europeus mas também "existe corrupção, como em todo o lado".
A «compra de votos» em eleições tem de ser entendida porque quem "dá é normal que
tenha mais aceitação" - afirmou o novo bispo. Durante muitos anos, a diocese/país
viveu do cacau e do café. Hoje fala-se "muito no turismo" e do "petróleo". O sonho
do petróleo O «ouro negro» poderá colocar dificuldades àqueles ilhéus porque o
petróleo "traz riqueza mas também discrepâncias". E adianta: "nem sempre traz um desenvolvimento
sustentado". Se desenvolver o "país em infra-estruturas seria bom". - desejou. No
campo da saúde existem doenças que são obstáculos para o desenvolvimento. "A malária
é terrível" mas, nos últimos tempos, "têm feito projectos de luta contra esta doença".
Campos que merecem empenho da sociedade civil e também da igreja. "Se pedirem a nossa
colaboração a Igreja tem todo o gosto em ajudar" - garantiu o bispo Claretiano. E
acrescenta: "queremos ajudar a consciencializar e humanizar a sociedade". Novas
realidades o esperam todavia "costumo dizer que não tenho projectos". E adianta: "não
gosto de falar de projectos sem conhecer a realidade que vou enfrentar". No seu papel
de pastor irá trabalhar em vários domínios. "Pretendo ajudar as pessoas" e "ir às
«picadas» e às «roças» para escutar aqueles trabalhadores". Diálogo e trabalho
com as confissões religiosas Até há poucos anos a Igreja Católica era predominante
neste país mas, nos últimos anos, têm chegado outras igrejas. O trabalho social será
feito em diálogo com as novas confissões religiosas mas "não aceitaremos que, em nome
da religião, se explorem os pobres". A religião é para "servir as pessoas" - afirmou
D. Manuel António.