Santa Sé aos lideres religiosos : "não resignar-se a uma cultura de conflito".Milhões
de desalojados forçados clamam pela paz, e pelo respeito da sua dignidade humana.
(9/2/2007) O observador permanente da Santa Sé perante a sede das Nações Unidas em
Genebra fez um apelo aos líderes religiosos a comprometerem-se na promoção da paz
e a «não se resignarem a uma cultura de conflito». O arcebispo Silvano Maria
Tomasi lançou a proposta durante um serviço inter-religioso celebrado em 30 de Janeiro
na cidade suíça, na presença de representantes cristãos, judeus, muçulmanos e budistas,
sobre a mensagem de Bento XVI por ocasião da Jornada Mundial da Paz 2007: «A pessoa
humana, coração da paz». «Não podemos resignar-nos à cultura do conflito, não
devemos aceitar que os confrontos sejam inevitáveis, e que a guerra é algo natural»,
sublinhou. «Esta confiança procede de uma visão da paz que está profundamente
arraigada nos valores centrais e em concepções compartilhadas por todas as tradições
religiosas, segundo as quais, Deus, nosso Criador, deu a cada pessoa uma dignidade
inalienável, e isso nos dá uma igualdade de direitos e deveres, e estabelece uma inquebrantável
solidariedade entre homens e mulheres», afirmou D. Tomasi. «Mas não somos inocentes»,
reconheceu o arcebispo. «O fenómeno da violência foi-se tornando cada vez mais complexo
e, no século XXI, propõe desafios sem precedentes à comunidade internacional». «A
tarefa da paz implica agora que se supere a brecha entre os ricos e os pobres; se
acabe com as guerras civis, com o terrorismo e com os conflitos armados, e que se
detenha a reanimada carreira e proliferação de armamentos; se rejeier a glorificação
da violência nos meios de comunicação.» «Milhões de pessoas são afectadas pelas
actuais guerras, e os civis convertem-se no seu objectivo, perante o desprezo total
do direito humanitário», insistiu. «Estas vítimas, e milhões de desalojados forçados,
clamam pela paz, pelo respeito da sua dignidade humana. É um momento difícil, mas
sabemos que há uma lógica moral que se baseia na vida humana e torna possível o diálogo
entre indivíduos e povos.»