(9/2/2007) Numa declaração emitida por ocasião do congresso mundial sobre a pena
de morte, a Santa Sé qualificou esta prática de «ofensa à dignidade humana». A
reunião, celebrada em Paris de 1º a 3 de Fevereiro, contou com a participação de numerosas
instituições católicas comprometidas na defesa da vida humana. A declaração escrita
em francês constata que «o Congresso de Paris se celebra num momento em que a campanha
para a abolição da pena de morte enfrentou desafios inquietantes por causa de execuções
recentes». «A opinião pública sensibilizou-se e manifestou a sua preocupação
por um reconhecimento mais eficaz da dignidade inalienável dos seres humanos e da
universalidade e integridade dos direitos humanos, começando com o direito à vida»,
acrescenta. A Santa Sé aproveita a celebração do congresso «para acolher e para
afirmar novamente o seu apoio a todas as iniciativas que querem defender o valor
inerente e a inviolabilidade de toda a vida humana, desde a sua concepção até á morte
natural». «Nesta perspectiva -- afirma a declaração --, chama a atenção para o
facto de que o uso da pena de morte é não só uma negação do direito à vida, mas também
uma ofensa à dignidade humana.» «Enquanto a Igreja Católica continua a sustentar
que as autoridades legítimas do Estado têm o dever de proteger a sociedade dos agressores,
e que alguns Estados incluíam tradicionalmente a pena capital entre os meios utilizados
para o conseguir, hoje é difícil justificar tal opção», afirma a declaração. De
facto, afirma a Santa Sé, os Estados contam com novos meios «para preservar a ordem
pública e a segurança das pessoas, não sem oferecer ao réu um estímulo e uma ajuda
para se corrigir e emendar». Tais métodos não letais de prevenção e de castigo
«correspondem melhor às condições concretas do bem comum e estão mais em conformidade
com a dignidade da pessoa humana». «Toda a decisão de pena de morte incorre em
numerosos perigos», como «o de castigar pessoas inocentes; a tentação de estimular
formas violentas de vingança, ao contrário de uma justiça social verdadeira; uma
ofensa clara à inviolabilidade da vida humana (...) e para os cristãos, um desprezo
do ensinamento evangélico sobre o perdão.» A declaração conclui mostrando a estima
da Santa Sé pelos organizadores do Congresso, pelos governos e por todos os que trabalham
«para abolir a pena de morte ou para impor uma moratória universal á sua aplicação».