Compromisso de impedir o recrutamento e o uso de menores em conflitos armados no mundo,
assumido em conferência internacional
(7/2/2007) A conferência internacional sobre crianças soldados terminou ontem, em
Paris, com 58 países a assumirem o compromisso de impedir o recrutamento e o uso de
menores em conflitos armados no mundo, trabalhando, para isso, com ONG e outros actores
no terreno. Entre os Estados que assinaram os "princípios de Paris" estão alguns
dos que, segundo a ONU, utilizam crianças como soldados: República Democrática do
Congo (ex-Zaire), Uganda, Chade, Sudão, Colômbia, Nepal e Sri Lanka. Apenas a Birmânia
e as Filipinas, também eles na lista negra das Nações Unidas, não participaram na
conferência. Actualmente, há 250 mil crianças soldados em todo o mundo, principalmente
em África e na Ásia. 40% dos grupos de combatentes são muitas vezes compostos por
raparigas. Além de serem obrigadas a matar, estas são, quase sempre, violadas e têm
filhos dos seus agressores. Os "princípios de Paris", que actualizam os "princípios
do Cabo", assumidos na África do Sul em 1997, sublinham as necessidades específicas
da reintegração das jovens que foram transformadas em escravas sexuais e, por isso,
desprezadas pelas suas comunidades de origem. "Há uma espécie de síndrome de Estocolmo:
as jovens acabam por ficar ligadas aos progenitores dos seus filhos porque não têm
outra escolha", declarou o general Babacar Gaye, comandante das forças da missão da
ONU na RDC (a Monuc).A UNICEF indicou em Julho que na parte oriental do ex-Zaire foram
noticiados, em 2005, 25 mil casos de agressões sexuais. Apesar do fim da guerra civil
na RDC, estima-se que ainda haja cerca de 30 mil crianças associadas a grupos armados,
como combatentes, ajudantes, espiões ou escravos sexuais. Nos "princípios de Paris",
que não têm, porém, carácter jurídico, os Estados comprometem-se "a lutar contra a
impunidade, investigar e perseguir as pessoas que recrutaram ilegalmente menores de
18 anos para grupos ou forças armadas".