Cidade do Panamá, 06 fev (RV) - Uma comissão legislativa do Panamá desistiu
de modificar a lei penal sobre o aborto, após os protestos da Igreja Católica e de
grupos contrários às mudanças, que incluam exceções ou reduções de pena para essa
prática.
O deputado Wigberto Quintero, membro da Comissão Legislativa do governo,
disse à imprensa que se vão manter as leis sobre o aborto no Código Penal em vigor,
excluindo assim a introdução de qualquer reforma.
A Assembléia Nacional discute,
em sessão extraordinária, um pacote de reformas do Código Penal, nomeadamente a do
aborto, uma das que mais polêmica suscitou.
Quintero, do Movimento Liberal
Republicano Nacionalista (MOLIRENA, oposição), assinalou que a decisão foi aprovada
depois de reuniões com representantes da Igreja Católica e diversos setores, que apresentaram
propostas sobre o assunto.
"Essa foi a conclusão a que chegou a Comissão Legislativa
do governo. Por isso, as coisas ficam tal como estão no Código Penal em relação ao
aborto" _ sublinhou Quintero.
Ele antecipou que pedirá ao presidente do Panamá,
Martin Torrijos, e ao presidente da Assembléia Nacional, Elias Castillo, a suspensão
da sessão extraordinária sobre as reformas do Código Penal.
Um grupo de católicos
convocados pela Igreja Católica, e membros da Aliança panamenha pela Vida manifestou-se
ontem, com palavras de ordem e cartazes, em frente à Assembléia Nacional, para exigir
a eliminação de toda e qualquer exceção para a prática de abortos no Panamá, tanto
no CP em vigor quanto na proposta de reformas.
A Aliança panamenha pela Vida
também criticou, num comunicado, as declarações do consultor argentino, Luis Shisisola,
do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que, no dia 31 de janeiro
passado, afirmou que "os valores sociais mudam com o tempo" e que "não há valores
permanentes".
Segundo a Aliança, tal posição busca "propor como boas, condutas
contrárias à moral e bons costumes e ao valor da família".
A Igreja Católica,
por sua vez, sustenta que as mudanças do Código Penal "devem fundamentar-se no respeito
à vida, em todas as suas fases, desde a concepção até à morte natural".
O Código
Penal panamenho sanciona o aborto cirúrgico com penas que vão de um a dez anos de
reclusão, que só não se aplicam em caso de interrupção consentida quando está em causa
uma violação, ou por risco de vida para a mãe ou para o feto. (MZ)