2007-01-28 16:43:22

Fé e razão devem dialogar: Bento XVI neste domingo ao meio-dia.O Papa invoca o cessar da violência no Líbano e na Faixa de Gaza.


(29/1/2007) “Fé e razão não devem ter medo uma da outra”, mas sim “encontrar-se e dialogar”, superando “a esquizofrenia” provocada pela “tendência a considerar verdadeiro só o que se pode experimentar". Recordados também os doentes da lepra.
“O calendário litúrgico recorda (neste dia 28 de Janeiro) São Tomás de Aquino, grande doutor da Igreja – observou Bento XVI, a começar. Com o seu carisma de filósofo e de teólogo, ele oferece um válido modelo de harmonia entre razão e fé, dimensões do espírito humano que se realizam plenamente encontrando-se e dialogando entre si. Para São Tomás, a razão humana “respira” (por assim dizer): isto é, move-se num horizonte amplo, aberto, onde pode exprimir o melhor de si. Quando pelo contrário o homem se reduz a pensar apenas em objectos materiais e experimentáveis, fechando-se às grandes interrogações sobre a vida, sobre si mesmo e sobre Deus, empobrece-se. A relação entre fé e razão constitui um sério desafio para a cultura actualmente dominante no mundo ocidental”.
“Na realidade, o desenvolvimento moderno das ciências traz consigo inumeráveis efeitos positivos, que há que reconhecer” Contudo – advertiu Bento XVI – “a tendência a considerar verdadeiro apenas o que se pode experimentar constitui uma limitação da razão humana e produz uma terrível esquizofrenia”, actualmente bem patente.
É urgente , portanto, redescobrir de modo novo a racionalidade humana aberta à luz do Logos divino e à perfeita revelação que é Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem. Quando é autêntica, a fé cristã não mortifica a liberdade e a razão humana; e então, por que é que fé e razão hão-de ter medo uma da outra, se encontrando-se e dialogando se podem exprimir do melhor modo? A fé supõe a razão e aperfeiçoa-a. (…) A razão humana nada perde abrindo-se aos conteúdos da fé, mais ainda, estes requerem a sua adesão livre e consciente”:
A concluir esta alocução, antes do Angelus dominical, o Papa recordou ainda que São Tomás de Aquino “conseguiu instaurar um frutuoso confronto com o pensamento árabe e hebraico do seu tempo, a ponto de ser considerado um mestre ainda hoje actual de diálogo com outras culturas e religiões. Ele soube apresentar aquela admirável síntese cristã entre razão e fé que para a civilização ocidental representa um precioso património, do qual tirar partido também hoje para dialogar eficazmente com as grandes tradições culturais e religiosas do Leste e do Sul do mundo”.
Foi depois do Angelus que o Papa dirigiu um sentido apelo a que se renuncie à violência no Líbano e na Faixa de Gaza. Bento XVI recordou que “nos dias passados a violência voltou a ensanguentar o Líbano. É inaceitável que se percorra este caminho para sustentar as suas razões políticas”. “Sinto uma pena imensa por esta querida população. Sei que muitos libaneses são tentados a perder toda a esperança, sentindo-se como que desorientados por tudo o que está a acontecer”.
O Papa fez suas as palavras de sua beatitude o cardeal Nasrallah Pierre Sfeir, denunciando os confrontos fratricidas, unindo-se-lhe e a todos os outros responsáveis religiosos do Líbano: "Invoco a ajuda de Deus para que todos os Libaneses indistintamente possam e queiram trabalhar conjuntamente para fazer da sua pátria uma verdadeira casa comum, superando aquelas atitudes egoístas que impedem de assumir verdadeiramente a responsabilidade pelo seu próprio país”:
Aos cristãos do Líbano, o Papa repete a exortação a serem promotores de um autêntico diálogo entre as várias comunidades, ao mesmo tempo que invoco para todos a protecção de nossa Senhora do Líbano”.
Finalmente, o apelo a que cessem as violências na Faixa de Gaza. “A toda a população desejo exprimir a minha proximidade espiritual e assegurar a minha oração, para que em todos prevaleça a vontade de trabalhar conjuntamente para o bem comum, empreendendo vias pacíficas para resolver as diferenças e tensões”.
Referindo o Dia dos Doentes da Lepra, o Papa dirigiu uma saudação a saudação a todos os que padecem desta doença, “que é também uma praga social” - assegurando a sua oração, e fazendo votos de que todos e cada um possam beneficiar de tratamentos adequados, em condições dignas. Bento XVI encorajou todos os operadores sanitários e os voluntários que os assistem. “Por esta nobre causa – recordou o Papa – se prodigaram Raul Folereau e o bem-aventurado padre Damião, apóstolo dos leprosos de Molokai.
Presentes na Praça de São Pedro, sob um esplêndido sol de Inverno, milhares de crianças e adolescentes da Acção Católica da diocese de Roma, na conclusão de um Mês de reflexão e oração pela paz. Ao lado do Papa, à janela dos seus aposentos, duas destas crianças, tendo uma menina dirigido, a certo ponto, uma saudação ao Santo Padre, soltando depois duas pombas brancas, símbolo da paz. “Mas os verdadeiros mensageiros da paz, sois vós!” – sublinhou Bento XVI, muito aplaudido. Com as asas da bondade e da fé, levai a todos a alegria de serdes filhos do mesmo Pai que está nos céus, e a alegria de viverdes como irmãos".







All the contents on this site are copyrighted ©.