PAPA AGRADECE A DEUS PELA VIDA DO ABBÉ PIERRE, FUNDADOR DA COMUNIDADE DE EMAÚS, FALECIDO
AOS 94 ANOS
Cidade do Vaticano, 23 jan (RV) - O papa agradece a Deus pela vida do Abbé
Pierre, falecido ontem, na França, aos 94 anos, e pela ação do religioso "em favor
dos mais pobres". É o que expressa o pontífice, no telegrama de pesar endereçado ao
presidente dos bispos franceses, Dom Jean-Pierre Ricard, arcebispo de Bordeaux, assinado
pelo cardeal secretário de Estado, Tarcisio Bertone.
Além disso, Bento XVI
pede a Deus que acolha "na paz de seu Reino, esse sacerdote que, durante toda a sua
vida, lutou contra a miséria" e estende seu pesar à família do religioso e à comunidade
de Emaús, por ele fundada.
A França, em particular, rende homenagem ao Abbé
Pierre: são muitas as pessoas reunidas em silêncio diante do Val-de-Grâce, o hospital
militar de Paris. As exéquias do religioso francês terão lugar na sexta-feira, às
11h locais na catedral de Notre-Dame, de Paris.
O sepultamento será feito de
forma privada, no cemitério de Esteville, na Alta Normandia, uma zona na qual já estão
sepultados os primeiros colaboradores e amigos do religioso. A decisão foi anunciada
pela comunidade de Emaús.
Nascido em 1949, o movimento de solidariedade que,
no início acolhia somente poucos fiéis, conta hoje, mais de 115 comunidades na França
e 400 grupos em mais de 40 países. Em nível internacional, atua, sobretudo, na África
e na América Latina.
A comunidade já tem um novo diretor, Renzo Fior, designado
pelo próprio Abbé Pierre em seu testamento espiritual. Na entrevista à nossa colega
Marie du Hamel, o presidente da Conferência Episcopal Francesa, Dom Jean-Pierre Ricard,
recorda a Comunidade de Emaús...
Dom Jean-Pierre Ricard:- "Sua primeira
batalha social remonta a 1949: foi quando elevou sua voz, pela primeira vez, em favor
de alojamentos para os menos favorecidos e criou a primeira Comunidade Emaús. O que
era? Era um lugar de acolhimento, numa casa que ele mesmo havia ocupado na periferia
de Paris, onde dava acolhimento a homens marcados pela vida, àqueles menos favorecidos.
Ao longo dos anos, criamos depois, lugares de acolhimento diurnos, onde as pessoas
em dificuldades encontram, pela manhã, não somente um café quente, bolacha e um pãozinho,
mas também todos os serviços higiênicos, um banho... são lugares de acolhimento de
serviço, mas também de escuta e de assistência." (RL)