IGREJA NA ITÁLIA NEGA INGERÂNCIA NA ESFERA LEGISLATIVA
Roma, 23 jan (RV) - As posições da Igreja Católica na Itália sobre temas como
a eutanásia, a procriação assistida ou a equiparação das uniões homossexuais ao casamento
não devem ser vistas como "ingerências" na atividade legislativa do Estado. Essa foi
a posição defendida pelo presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), Cardeal
Camillo Ruini.
Na abertura dos trabalhos do Conselho Permanente da CEI, o Cardeal
Ruini disse que as intervenções da hierarquia pretendem "afirmar e defender os grandes
valores que dão sentido à vida das pessoas e salvaguardam sua dignidade". Para o Cardeal
Ruini, que é vigário do papa para a Diocese de Roma, tais valores são "humanos, antes
de serem cristãos".
Quanto ao reconhecimento jurídico das uniões de fato, o
Cardeal Ruini voltou a frisar que a família "fundada no casamento monogâmico" deve
ser defendida e não equiparada a outros tipos de união. No que diz respeito às uniões
homossexuais, o presidente da CEI assinala que há questões "antropológicas" que são
contrárias às reivindicações de equiparação ao casamento, como "a não existência do
bem que é a geração dos filhos".
O Cardeal Ruini afrontou também as questões
levantadas antes e depois da morte de Piergiorgio Welby, o italiano que solicitou
que desligassem a aparelho que o fazia respirar, visto como um "herói" da causa da
eutanásia. O cardeal justificou a decisão de não autorizar a realização de um funeral
religioso para Welby com o fato de o defunto, até ao fim, "ter perseverado, lúcida
e conscientemente, na vontade de colocar um ponto final à sua própria vida". (MZ)