CARDEAL-BISPO DE HONG KONG DISPOSTO A RENUNCIAR PARA FACILITAR DIÁLOGO CHINA-SANTA
SÉ
Hong Kong, 23 jan (RV) - O cardeal-bispo de Hong Kong, Joseph Zen Ze-kiun,
anunciou à imprensa que Bento XVI poderá aceitar sua renúncia ao cargo de bispo de
Hong Kong, para ajudar o Vaticano a restabelecer relações diplomáticas com a China
continente.
Citado pelo diário de língua chinesa "Apple Daily", o Cardeal Zen
Ze-kiun disse que o papa "é uma pessoa razoável e acredita que a questão do continente
chinês é muito mais importante do que Hong Kong".
O bispo de Hong Kong _ criado
cardeal em fevereiro de 2006 _ já manifestou diversas vezes, o desejo de abandonar
o governo pastoral do território de Hong Kong, para se dedicar ao trabalho de aproximação
entre o Vaticano e a China.
Pequim e a Santa Sé cortaram relações diplomáticas
em 1951, depois de o Partido Comunista ter chegado ao poder na China, e obrigado a
Igreja Católica local a cortar seus laços com a Igreja de Roma.
No último fim
de semana, realizou-se no Vaticano, uma reunião de dois dias, para avaliar a situação
dos católicos na China, e as possibilidades do restabelecimento das relações diplomáticas.
O encontro, presidido pelo cardeal secretário de Estado, Tarcisio Bertone, contou
com a presença, entre outros, dos bispos de Macau, Hong Kong e Taiwan.
Numa
nota divulgada ao término da reunião, no último sábado, se afirmava "o desejo de prosseguir
na estrada de um diálogo respeitoso e construtivo com as autoridades governamentais,
capaz de superar as incompreensões do passado".
As delicadas relações entre
a Santa Sé e a China sofreram um baque ulterior, em 2006, quando a Associação Católica
Patriótica _ a Igreja Católica oficialmente reconhecida por Pequim _ ordenou três
novos bispos, apenas um deles com o aval do papa. A China considera a nomeação de
bispos por parte da Santa Sé como uma ingerência em seus assuntos internos.
O
papa não participou da recente reunião no Vaticano, mas segundo o comunicado, foi
amplamente informado dos trabalhos e decidiu enviar uma carta aos católicos chineses,
cujo conteúdo não foi divulgado.
A Associação Católica Patriótica, que conta
cerca de quatro milhões de fiéis, está subordinada ao Estado e não reconhece a autoridade
do papa nem da Santa Sé. Na China, a chamada Igreja Católica oficial coexiste com
uma Igreja Católica clandestina o Vaticano, coexistindo com uma igreja católica clandestina,
seguida por cerca de 10 milhões de fiéis, que celebram missas em casas particulares
e reconhecem unicamente a autoridade do papa e da Igreja de Roma. (CM)