Carta dos Bispos polacos aos católicos do país: convocada uma jornada de oração e
arrependimento de todo o clero.
(15/1/2007) Os Bispos polacos convocaram “uma jornada de oração e de arrependimento
de todo o clero”, na sequência do escândalo provocado pelas acusações de colaboracionismo
com o passado regime comunista que afectou o arcebispo nomeado para Varsóvia, D. Stanislaw
Wielgus. Este dia de “mea culpa” da Igreja Polaca será a Quarta-Feira de Cinzas, 21
de Fevereiro. Naquela ocasião, “em todas as igrejas das nossas dioceses se deverá
rezar invocando do nosso Deus misericordioso o perdão pelos erros e pelas debilidades
no anúncio do Evangelho”. Os Bispos da Polónia dirigiram aos fiéis católicos
uma carta que foi lida em todas as igrejas por ocasião da Missa deste domingo, 14
de Janeiro, na sequência do encontro que o episcopado do país realizou na semana passada,
em Varsóvia. “A verdade do pecado – reconhecem os bispos na carta – deve levar
o cristão a reconhecer pessoalmente a culpa, através do arrependimento, da confissão
do pecado e da penitência. Os Bispos da Polónia sublinham que a Igreja do país
está chamada a “um grande esforço de reconciliação”. “Cremos que a nossa experiência
actual contribuirá para a renovação da Igreja, para uma maior transparência e maturidade
dos seus membros”. “Cremos que será importante para a Igreja (prosseguem) sermos fiéis
ao Evangelho e tê-lo como referência na busca de soluções para os nossos problemas,
para renascer d’Ele, para sermos fermento de amor e de bem no mundo “. A mensagem
do episcopado polaco aos seus fiéis agradece a Bento XVI a sua intervenção nesta crise,
e renova a sua confiança ao Núncio Apostólico Jozef Kowalczyk . Relativamente
aos documentos dos arquivos do antigo regime que vêm sendo divulgados, os bispos polacos
sublinham que (citamos) “a leitura unilateral dos documentos preparados por funcionários
do aparelho repressivo de um Estado comunista, hostil à Igreja, pode causar grave
dano ao povo, destruir os elos da confiança social, transformando-se, como consequência,
numa vitória póstuma de um sistema desumano, em que fomos obrigados a viver”. Os
45 bispos polacos reunidos na semana passada em assembleia extraordinária tinham pedido
ao Instituto Nacional da Memória – o organismo do estado que supervisiona os arquivos
do passado regime comunista que fornecesse rapidamente todos os dossiers dos bispos,
padres e religiosos, no que diz respeito a episódios de colaboração com os serviços
secretos, documentos que serão transmitidos ao Vaticano. Em declarações aos jornalistas,
sábado passado, a propósito desta tomada de posição dos bispos polacos, o cardeal
Tarcisio Bertone, Secretário de Estado, sublinhou a necessidade de que esta verificação
sobre eventual colaboracionismo passado não se aplique só aos eclesiásticos mas se
estenda a toda e qualquer pessoa implicada em atitudes colaboracionista com qualquer
tipo de regime passado. Por outro lado, observou o cardeal Bertone, há que realizar
um discernimento na leitura desta documentação, distinguindo o que é autêntico daquilo
que é invenção ou contrafacção e que corresponde a estratégias desestabilizantes que
ninguém aceita. “Ficaria contente que esta verificação se fizesse – e já o transmiti
às autoridades competentes – também no que diz respeito aos funcionários dos partidos
e da administração pública e de todos os que detiveram lugares políticos na sociedade
polaca, como aliás também noutros países da Europa oriental”.