2007-01-07 19:46:33

"NÃO TENHAM MEDO DE CRISTO E DE SUA MENSAGEM, QUE APENAS ILUMINA, ESCLARECE E REVELA", AFIRMA BENTO XVI, NA MISSA DA EPIFANIA


Cidade do Vaticano, 06 jan (RV) - Neste 6 de janeiro, dia em que a Igreja celebra a solenidade da Epifania, o Santo Padre presidiu à celebração eucarística, na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Em sua homilia, o Santo Padre convidou todos a celebrarem "com alegria, a solenidade da Epifania, ou seja, a "manifestação de Cristo aos gentios", representados pelos magos, misteriosos personagens vindos do Oriente". "Cristo _ disse o papa _ é a meta da peregrinação dos povos em busca da salvação."

Comentando as leituras da celebração de hoje, o papa falou que transcorreram vinte séculos desde que se realizou o mistério da "manifestação de Deus na plenitude dos tempos". Referindo-se à missão da Igreja no anúncio do mistério da salvação, ele recordou a encíclica Redemptoris missio, na qual João Paulo II frisa que "ao final do segundo milênio, um olhar ao conjunto da humanidade demonstra que tal missão está ainda no seu início".

Prosseguindo em sua reflexão, Bento XVI perguntou: em que sentido Cristo é hoje "lumen gentium", luz dos povos? Em que ponto está esse itinerário universal dos povos em direção a Ele? Está numa fase de progresso ou de regressão? E ainda: quem são os reis magos? Como podemos interpretar, pensando no mundo moderno, essas misteriosas figuras evangélicas?

O Santo Padre respondeu a tais questionamentos, citando o Concílio Vaticano II: "Em verdade, todo o Concílio Vaticano II foi movido pelo desejo de anunciar à humanidade contemporânea, Cristo, luz do mundo. No coração da Igreja, a partir do vértice de sua hierarquia, emerge imperioso, suscitado pelo Espírito Santo, o desejo de uma nova epifania de Cristo no mundo. Um mundo que foi profundamente modificado na época moderna e que, pela primeira vez na história, se encontrava diante do desafio de uma civilização global, cujo centro não poderia mais ser a Europa e nem mesmo aquilo que chamamos de Ocidente ou o Norte do mundo."

Bento XVI reiterou, em sua homilia, que, nesse novo contexto, é necessário elaborar uma nova ordem mundial, política e econômica, mas ao mesmo tempo, e sobretudo, uma nova ordem espiritual e cultural, isto é, um renovado humanismo: "E vemos sempre com maior evidência, que uma nova ordem mundial econômica e política, não funciona, se não existe uma renovação espiritual, se não podemos aproximar-nos novamente de Deus, e encontrar Deus no meio de nós. Antes do Concílio Vaticano II, consciências iluminadas de alguns pensadores cristãos haviam intuído e abordado esse desafio da época. No início do terceiro milênio, nos encontramos vivendo essa fase da história humana, que foi já tematizada em torno da palavra "globalização"."

O Santo Padre advertiu para o risco que corremos hoje, de perder de vista esse objetivo, destacando o papel dos mass media nesse processo. E apresentou a solenidade da Epifania como uma perspectiva que pode guiar a humanidade à terra prometida: "um risco fortemente reforçado pela imensa expansão da mídia, a qual, se de um lado multiplica indefinidamente as informações, de outro, parece enfraquecer as nossas capacidades de uma síntese crítica".

"A solenidade de hoje _ sublinhou o papa _ pode nos oferecer uma perspectiva, a partir da manifestação de um Deus que se revelou na história como luz do mundo, para guiar e introduzir finalmente a humanidade na terra prometida, onde reina a liberdade, a justiça e a paz."

Continuando sua reflexão, Bento XVI responde à pergunta..."quem são os reis magos hoje", citando a mensagem dos padres conciliares dirigida aos governantes e aos intelectuais e cientistas. Porém, acrescenta um terceiro destinatário: "São duas categorias de pessoas nas quais, de qualquer modo, podemos ver representadas as figuras evangélicas dos reis magos. Gostaria, porém, de acrescentar uma terceira, à qual o Concílio não dirigiu nenhuma mensagem. Refiro-me aos guias espirituais das grandes religiões não-cristãs. À distância de dois mil anos, podemos então reconhecer na figura dos reis magos uma espécie de prefiguração dessas três dimensões constituintes do humanismo moderno: a dimensão política, a científica e a religiosa."

O Santo Padre fez suas as palavras usadas na mensagem dos padres conciliares aos governantes, dizendo que nelas podem ser reconhecidos os sinais luminosos que podem transformar a história das nações e do mundo.

"Cabe a vocês serem, na Terra, os promotores da ordem e da paz entre os homens. Mas não esqueçam, é Deus, o Deus vivo e verdadeiro, que é o Pai dos homens. E é Cristo, seu Filho eterno, que veio para dizer-nos e fazer-nos compreender que todos somos irmãos. É Ele o grande artífice da ordem e da paz na Terra, porque é Ele que conduz a história humana, e o único capaz de induzir os corações a renunciarem às paixões perversas que geram a guerra e a dor."

O papa referiu-se ainda à mensagem dos padres conciliares aos intelectuais e cientistas, exortando-os: "Continuem a buscar, sem nunca renunciar, sem nunca se separar da verdade. É esse o grande perigo de quem se separa da verdade: procurar apenas agir, apenas o pragmatismo! Recordem _ continuam os padres conciliares _ as palavras de um grande amigo vosso, Santo Agostinho: "Buscamos com o desejo de encontrar, e encontramos com o desejo de buscar ainda!" E _ acrescenta o Santo Padre _ Felizes são aqueles que, possuindo a verdade, continuam a procurá-la, para renová-la, para aprofundá-la, para doá-la aos outros. Felizes são aqueles que, não a tendo ainda encontrado, caminham em direção a ela, com coração sincero: que eles busquem a luz futura com as luzes de hoje, até à plenitude da luz!"

Bento XVI reiterou que é necessário colocar-se ao lado dos representantes das grandes tradições religiosas não-cristãs, para convidá-los a se confrontarem com a luz de Cristo, que veio não para abolir, mas para levar a cumprimento aquilo que a mão de Deus escreveu na história religiosa da civilização, especialmente nas "grandes almas", que contribuíram para edificar a humanidade, com sua sabedoria e seu exemplo de virtude.

"Cristo é luz, e a luz não pode obscurecer, mas somente iluminar, esclarecer e revelar. Ninguém, portanto, tenha medo de Cristo e de sua mensagem! E se, no curso da história, os cristãos, sendo homens limitados e pecadores, puderam traí-lo com seu comportamento, isso ressalta ainda mais, que a luz é Cristo e que a Igreja a reflete somente permanecendo unida a Cristo" _ ressaltou o Santo Padre. (JK)







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