NOVO ARCEBISPO DE VARSÓVIA RECONHECE TER TRABALHADO PARA RUSSOS DURANTE COMUNISMO
Varsóvia, 06 jan (RV) - O novo arcebispo de Varsóvia, Dom Stanislaw Wielgus,
depois de passar vários dias desmentindo as acusações de espionagem a serviço do regime
comunista polonês, confessou, finalmente, seu passado de informador, e pediu perdão
por ter "espiado a serviço dos russos".
"Confesso, traí!" Não podendo mais
esconder as acusações, Dom Wielgus rompeu o silêncio: em carta aberta aos fiéis, ele
admite sua culpa e, citando o Salmo 50, "Deus não despreza um coração arrependido",
implora o perdão e se entrega à decisão final do papa, por ter realmente colaborado
com a odiosa polícia secreta comunista.
"Danifiquei, no passado, a Igreja,
e a danifiquei nos últimos dias, quando me esforcei por desmentir as acusações _ escreve
Dom Stanislaw Wielgus, em sua carta.
Tensão e tristeza se misturavam, na tarde
desta sexta-feira, na cerimônia de posse, na antiga catedral de Varsóvia, onde o primaz
da Polônia, Cardeal Józef Glemp acolheu seu sucessor na sé arquiepiscopal da capital
polonesa. A posse solene de Dom Wielgus está marcada para amanhã, domingo. A história
do novo arcebispo de Varsóvia, relida agora, é a história daqueles anos: escolhas
entre a recusa moral e o compromisso.
"Fui ameaçado" _ diz Dom Wielgus. "Submetido
a ameaças, assinei, em 1978, um compromisso de colaborar." Em troca, lhe foi concedido
o passaporte para uma viagem de estudos à Alemanha. "Aceitei, para poder continuar
meu trabalho científico, para o bem da Igreja" _ diz o arcebispo, garantindo que nunca
denunciou ninguém e que nunca gravou conversações.
67% dos poloneses pensam
que um homem comprometido com o ex-regime comunista não deveria ser arcebispo de Varsóvia.
(PL)