2007-01-07 11:45:41

Bento XVI aceita renúncia do arcebispo de Varsóvia e nomeia card. Glemp Administrador Apostólico. Nota do director da RV, Padre Lombardi


Com data de 7 de Janeiro, a Nunciatura Apostólica na Polónia comunica que D. Estanislau Wielgus, arcebispo de Varsóvia, no dia em que estava previsto o ingresso na sé catedral para dar início ao seu ministério pastoral na Igreja de Varsóvia, assinou o seu pedido de resignação ao seu cargo canónico, em conformidade com o Cânone 401, parágrafo 2, do Código de Direito Canónico.
Recordamos que precisamente ontem, sábado, 6 de Janeiro, Mons. Wielgus tinha admitido as suas responsabilidades por ter colaborado, na sua juventude, com os serviços secretos do antigo regime comunista polaco.
Bento XVI – informa sempre a Nunciatura Apostólica de Varsóvia - aceitou a demissão do arcebispo D. Estanislau Wielgus, e nomeou interinamente o cardeal Jozef Glemp, primaz da Polónia, administrador apostólico da arquidiocese de que era titular, até novas disposições.
Neste domingo de manhã, o cardeal Glemp celebrou Missa na catedral de Varsóvia. Na homilia, improvisada, o primaz da Polónia criticou a forma que assumiram as acusações dirigidas a Mons. Wielgus.

Sobre esta delicada questão, o Director da Rádio Vaticano, padre Frederico Lombardi, divulgou o seguinte comentário (original italiano, com a voz):
“O comportamento de Mons. Wielgus, nos tempos passados do regime comunista, na Polónia, comprometeu gravemente a sua credibilidade, mesmo junto dos fiéis católicos. Assim, não obstante o seu humilde e tocante pedido de perdão, a renúncia à sede de Varsóvia e a sua imediata aceitação da parte do Santo Padre apareceu como a solução apropriada perante a situação de desorientamento que se tinha criado no país.
É um momento de grande sofrimento para uma Igreja a que todos devemos muitíssimo e que amamos, que nos deu pastores da grandeza do cardeal Wyszynski e sobretudo do Papa João Paulo II. A Igreja universal deve sentir-se espiritualmente solidária com a Igreja que está na Polónia, acompanhando-a com a oração e encorajando-a para que possa reencontrar a serenidade sem mais tardar.
Por outro lado, há que observar que o caso de Mons. Wielgus não é o primeiro e provavelmente não será o último caso de ataque a personalidades da Igreja, a partir da documentação dos Serviços secretos do antigo regime. Trata-se de um material imenso. Na busca de uma sua justa avaliação, que permita chegar a conclusões plausíveis, é preciso não esquecer que foi produzido por funcionários de um regime opressivo que recorria sistemática-mente à chantagem sobre os cidadãos
A tantos anos de distância do final do regime comunista, quando acabou por faltar a elevada e inatacável figura do Papa João Paulo II, a actual vaga de ataques à Igreja Católica na Polónia, mais do que com uma sincera busca de transparência e de verdade, configura-se muito mais como uma estranha aliança entre os perseguidores de outrora e outros seus adversários e de uma vingança da parte de quem, no passado, a tinha perseguida e que se viu derrotado pela fé e pela vontade de liberdade do povo polaco.
“A verdade vos tornará livres”, diz Cristo. A Igreja não tem medo da verdade e, para serem fiéis ao seu Senhor, os seus membros devem saber reconhecer as suas próprias culpas. Fazemos votos de que a Igreja na Polónia saiba viver e superar com coragem e lucidez este difícil período, para poder continuar a dar o seu precioso e extraordinário contributo de fé e de entusiasmo evangélico à Igreja europeia e universal”








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