QUÊNIA: UNICEF ACUSA: 15 MIL CRIANÇAS OBRIGADAS A PROSTITUIR-SE
Roma, 28 dez (RV) – A exploração sexual de meninos e meninas chegou a níveis
"terríveis" e está aumentando nas regiões costeiras do Quênia. O alarme foi dado pelo
UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), um dia após a publicação de um relatório
sobre a prostituição infantil no país, realizado em colaboração com o governo queniano.
Segundo
o relatório, aproximadamente 15 mil meninas e adolescentes, de idades compreendidas
entre 12 e 18 anos, ocasionalmente se prostituem, nos quatro distritos do Quênia (Mombasa,
Kilifi, Malindi e Kwale): na prática, 30% da população dessa faixa etária na região.
Além
disso, se presume que, de dois a três mil meninos e meninas se prostituem cotidianamente,
também nas localidades não turísticas. Mais de 10% deles começaram antes dos 12 anos,
e 45% em torno aos 12 anos.
Um capítulo do estudo é dedicado aos clientes,
e mostra como o turismo sexual envolve todas as nacionalidades que freqüentam o Quênia
através do turismo. 38% deles são homens quenianos, enquanto mais da metade são estrangeiros:
18% italianos, 14% alemães, e 12%, suíços. Seguem os ugandenses, tanzanianos, ingleses
e árabes sauditas.
"É um vício que continua a crescer em dimensões horríveis,
sobretudo na região costeira" _ disse o vice-presidente queniano, Moody Awori, apresentando
o estudo conjunto, realizado no contexto de um amplo programa de prevenção e recuperação
dos abusos sexuais e do turismo sexual, promovido pelo UNICEF, juntamente com as autoridades
locais.
"É duro admitir a realidade desses fatos frente à opinião pública"
_ sublinhou Awori. "Mas devemos dizer a verdade, se quisermos salvar as nossas crianças"
_ acrescentou.
O representante do UNICEF no Quênia, Heimo Laakkonen, insistiu
na necessidade de prevenir e reduzir a "demanda", intervindo sobre os potenciais clientes,
punindo-os e informando a opinião pública dos países ocidentais envolvidos, para frear
o turismo sexual. (MZ)