Cidade do Vaticano, 27 dez (RV) - Os católicos "perseguidos", que "sofrem por
testemunhar e servir o Evangelho" no mundo, e que continuam fiéis à Sé de Pedro, sem
ceder diante de ameaças, foram o ponto central da reflexão do papa, na alocução que
precedeu a oração mariana do Angelus, esta manhã, festa litúrgica de Santo Estevão,
primeiro mártir da Igreja.
Bento XVI confiou todas as pessoas perseguidas e
que sofrem, de várias maneiras, por testemunharem e servirem o Evangelho, à proteção
de Maria, "que conheceu a felicidade, com o nascimento e a dor, com a morte de seu
Filho".
"Sinto-me espiritualmente muito próximo daqueles católicos que mantêm
a própria fidelidade a Sé de Pedro, sem aceitar compromissos, e pagando esta postura,
por vezes, com conseqüências bastante graves" _ disse.
Nas palavras do papa
se podia perceber uma clara _ embora indireta _ referência aos católicos chineses.
"Toda
a Igreja admira seu exemplo e reza para que eles tenham a força de perseverar, pois
sabem que suas tribulações são fonte de vitória, embora possam parecer inúteis."
Referindo-se
a São Estevão, lapidado em Jerusalém na primeira perseguição contra a Igreja nascente,
o papa reconheceu que pode parecer surpreendente relacionar esse drama com o nascimento
de Jesus e a paz e a alegria de Belém. Todavia, este aparente contraste pode ser superado,
se considerarmos com mais profundidade o mistério do Natal e o fato que o Menino Jesus
salvou a humanidade, ao morrer na cruz.
"Santo Estevão _ disse Bento XVI _
foi o primeiro a seguir o exemplo de Cristo, com o martírio. Como o seu Divino Mestre,
morreu perdoando e rezando por seus algozes."
Além disso _ recordou ainda,
o pontífice _ todos os santos venerados pela Igreja eram mártires, cuja morte não
gerava medo nem tristeza, mas sim entusiasmo espiritual, e cada vez mais, novos cristãos.
"Para
quem crê _ frisou o papa _ o dia da morte, e mais ainda, o dia do martírio, não é
o fim de tudo, mas apenas o "trânsito" para a imortalidade: é o dia do nascimento
definitivo, o que em latim se define o "dies natalis"."
Enfim, o teólogo Bento
XVI explicou a relação existente entre o "dies natalis" de Cristo e o "dies natalis"
de Santo Estevão: Se Jesus não tivesse nascido na terra, os homens não poderiam nascer
no céu. Precisamente porque Cristo nasceu, nós podemos "renascer"! (CM)