Matar Saddam Hussein seria punir um crime com outro crime, afirmou em entrevista a
um diário italiano o Cardeal Renato Martino
(28/12/2006) Matar Saddam Hussein seria punir um crime com outro crime, assim afirma
o Cardeal Renato Raffaele Martino, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz
, pois a pena de morte não é uma morte natural. “Ninguém pode matar, nem mesmo o Estado",
afirmou, em entrevista ao diário italiano "La Reppublica". O cardeal Martino declarou
que a Igreja proclama que a vida humana deve ser protegida desde a concepção até à
morte natural, por isso matar o ex-presidente iraquiano Saddam Hussein seria “punir
um crime com um outro crime”, manifestando ainda que “uma religião que pretende a
violência, não é uma religião, mas sim fundamentalismo". O Presidente do Conselho
pontifício Justiça e Paz acredita que a situação pode ainda reverter-se, uma vez que
há um prazo de 30 dias e “é necessária a assinatura do Presidente. Tenho esperança
de que algo impeça" uma execução "pela mão do Estado". Na entrevista, o Cardeal
Renato Martino desejou também que sejam conseguidas "negociações globais para pacificar
o conjunto do Médio Oriente - a Terra Santa, o Iraque e o Líbano". Aquando da
condenação à morte do ex-presidente iraquiano, o Cardeal Martino já havia lamentado
a decisão lembrando que “cada vida é sagrada e um crime não pode ser punido com outro
crime”, havendo inclusive outros meios para “tornar inofensivos aqueles que cometeram
qualquer tipo de crime”, referiu na altura. Recorde-se que o tribunal de recurso
do Alto Tribunal Penal iraquiano confirmou terça-feira, dia 26, a condenação à morte
por enforcamento do ex-presidente Saddam Hussein pela execução de 148 aldeões xiitas
de Dujail, na década de 1980. Nesta quinta feira foi publicada a decisão do Tribunal
de Recurso, podendo assim a pena ser executada a qualquer momento.