Deus não é em primeiro lugar omnipotência mas sim amor absoluto: Bento XVI, na audiência
geral, citando o teólogo von Balthasar
(27/12/2006) Ambiente de intensa alegria natalícia , na última audiência geral deste
ano de 2006. Bento XVI evocou a pergunta que “atravessa estes dois mil anos de história
cristã”: “Por que é que Deus se fez homem? Ajuda-nos a responder a esta interrogação
o canto que os anjos entoaram na gruta de Belém: Glória a Deus nas alturas e paz na
terra aos homens por Ele amados”. “Os anjos anunciam aos pastores que o nascimento
de Jesus é glória para Deus nas alturas, e é paz na terra para os homens que Ele ama”. “O
termo glória (doxa) – explicou Bento XVI – indica o esplendor de Deus que suscita
das criaturas o louvor cheio de reconhecimento. Diria São Paulo: é o conhecimento
da glória divina que refulge no rosto de Cristo.” Por sua vez o termo “paz (eirene)sintetiza
a plenitude dos dons messiânicos, isto é, a salvação que, como nota ainda o Apóstolo,
se identifica com o próprio Cristo: É Ele, de facto, a nossa paz.” “Finalmente, há
a referência aos homens de boa vontade. Na linguagem comum, boa vontade (eudokia)
faz pensar na boa vontade dos homens, mas aqui indica-se antes a benevolência - o
bem-querer de Deus, sem limites, em relação aos homens. E é esta a mensagem de Natal:
com o nascimento de Jesus, Deus manifestou a sua benevolência para com todos. “A
glória de Deus manifesta-se, portanto, na salvação do homem, que Deus tanto amou,
ao ponto “de dar – como afirma o evangelista João – o seu Filho unigénito, para que
quem acredita n’Ele não morra, mas tenha a vida eterna. É portanto o amor a razão
última da incarnação de Cristo”. Neste contexto o Santo Padre citou a “eloquente reflexão”
do teólogo von Balthasar: “Deus não é em primeiro lugar omnipotência, potência absoluta,
mas sim amor absoluto, cuja soberania não se manifesta em ter para si o que lhe pertence,
mas sim no seu abandono. O Deus que contemplamos no presépio é Deus-amor”.