NA AUDIÊNCIA DE NATAL À CÚRIA ROMANA, PAPA RECORDA SUAS VIAGENS APOSTÓLICAS
Cidade do Vaticano, 22 dez (RV) – Bento XVI recebeu em audiência, esta manhã,
na Sala Clementina, no Vaticano, os cardeais, a família pontifícia, a cúria romana
e a prelazia romana, para a apresentação de suas felicitações natalinas. Em seu
discurso, o papa recordou as quatro viagens que realizou no decorrer deste ano, ressaltando
temas como a paz, a família, o celibato dos sacerdotes, o ecumenismo e o desafio dos
cristãos diante do secularismo. Bento XVI baseou-se na citação "glória a Deus nas
alturas e paz na terra aos homens por Ele amados", do Evangelho de São Lucas capítulo
2, versículos 14, e, em torno dela, fez suas reflexões. O pontífice recordou-se,
em primeiro lugar, das pessoas que sofrem por causa das guerras que este ano perturbaram
a Terra Santa, e recordou que se torna ameaçador, para o nosso momento histórico,
o perigo de um confronto entre culturas e religiões. Segundo Bento XVI suas visitas
à Polônia, Espanha, Alemanha e Turquia desenvolveram-se à luz da relação "do tema
de Deus com o tema da paz". A paz ainda é um desafio para todos aqueles que se preocupam
com o homem, e isso vale, de modo particular para a Igreja. O pontífice exortou
todos a aprenderem que a paz nasce da abertura dos corações dos homens a Deus. A paz
não pode ser obtida unicamente com forças externas, e a tentativa de estabelecê-la
com a violência causa somente outras violências. "Que a razão da paz vença sobre a
irracionalidade da violência" _ ressaltou Bento XVI. Nesse contexto, não poderia
faltar a referência à viagem do pontífice à Baviera, Alemanha, bem como o discurso
que pronunciou na Universidade alemã de Regensburg: "A razão necessita do "logos"
que está no princípio e é a nossa luz. A fé necessita do diálogo com a razão moderna,
para reconhecer a própria grandeza e responder às suas responsabilidades. Foi isso
que tentei evidenciar na minha conferência em Regensburg. É uma questão que não se
reveste de uma natureza meramente acadêmica, mas se trata do futuro de todos nós"_
destacou. "Torna-se sempre mais evidente _ sublinhou o papa _ a urgência do diálogo
entre fé e razão. O grande problema do Ocidente é o esquecimento de Deus. Um esquecimento
que se difunde. Em última análise, todos os problemas e cada um deles se reportam
a esta questão" _ ressaltou o pontífice. No que se refere ao tema do diálogo entre
fé e razão, Bento XVI ressaltou que sua viagem à Turquia ofereceu-lhe a oportunidade
de ilustrar, publicamente, seu respeito pela religião islâmica, um respeito, aliás,
já indicado pelo Concílio Vaticano II como um dever que se impõe. "Esta viagem
serviu para intensificar o diálogo com o Islã." O conteúdo do diálogo entre cristãos
e muçulmanos _ ressaltou Bento XVI _ "será, neste momento, sobretudo, voltado para
um encontro nesse empenho de encontrar soluções justas". "Nós, cristãos _ acrescentou
_ devemos nos empenhar contra a violência e favorecer a sinergia entre fé e razão,
entre religião e liberdade." Ainda sobre o tema "Deus e paz", Bento XVI recordou
sua visita ao campo de extermínio nazista de Auschwitz, dizendo: "Foi, para mim, motivo
de grande conforto ver aparecer no céu o arco-íris, quando eu, perante o horror daquele
lugar, na atitude de Job, gritava para Deus, abalado pelo terror de sua aparente ausência,
e ao mesmo tempo amparado pela certeza de que, mesmo no seu silêncio, Ele não deixa
de estar conosco. O arco-íris era como uma resposta divina."Acerca do sacerdócio,
o papa afirmou que o "sacerdote deve conhecer Deus e levá-lo aos homens". "É esse
o serviço prioritário de que a humanidade necessita."
Por último, a família:
Bento XVI recordou sua viagem a Valença, Espanha, para o V Encontro Mundial das Famílias,
reiterando sua preocupação pela defesa do matrimônio e da família tradicional, em
especial diante das legislações sobre as "uniões livres". (MJ)