Natal festa da vida, nas mensagens dos Bispos portugueses
(19/12/2006) As Mensagens de Natal já divulgadas pelos Bispos portugueses mostram
uma grande preocupação em fazer desta data uma Festa da Vida, particularmente numa
altura em que aproxima no país, um referendo sobre a liberalização do aborto. D.
Ilídio Leandro, Bispo de Viseu, alude de forma indirecta a este acontecimento, frisando
que "a melhor prenda que se pode dar a cada pessoa é dizer-lhe que a sua vida é um
dom muito belo e que lhe deseja as maiores felicidades… Como é triste lembrar os que
não nasceram por causa de quem não quis e não deu autorização para que nascessem!".
Para o Bispo de Portalegre-Castelo Branco, a Mensagem de Natal foi uma ocasião
para denunciar "novas formas de agressão à vida humana". D. José Sanches Alves critica
a situação em que se encontram "os sem-abrigo, os imigrantes, os desempregados, os
doentes crónicos e incuráveis", lembrando ainda "os nascituros a quem é negado o direito
de nascer", "as crianças abandonadas" e os que morrem de fome. O Bispo de Setúbal,
D. Gilberto Reis, lembra, por seu lado, que "em cada vida humana há pois uma dignidade
inviolável que acompanha o homem em todo o processo da vida. Dignidade que ninguém
pode recusar e de que o homem nunca pode ser espoliado". D. Manuel Pelino, Bispo
de Santarém, fala da importância da família e refere que "o milagre da vida brota
constantemente do amor dos pais". "Que o nascimento do Menino Deus vos leve a promover
a vida com qualidade para todas as crianças, a proteger e criar condições para que
todos os que nasceram ou que estão para nascer possam viver felizes", deseja. "É
urgente defender a vida", defende o Bispo de Coimbra, que pede aos cristãos um compromisso
para "preservá-la, não apenas na batalha de alguns dias que passam, mas durante anos
e anos que vão seguir-se". "Quem for cristão e quiser, como os pastores e os magos
de Belém, beijar e cultivar a vida, há-de encontrá-la e defendê-la no seu começo,
quando é semente no seio materno, e no seu termo, enquanto for árvore no outono da
velhice", refere D. Albino Cleto. O Bispo da Guarda, D. Manuel Felício, assinala
que "toda a vida que começa, como a do menino de Belém, já desde o seio materno, é
um mistério de maravilha". Por isso, "só o respeito sagrado por todas e cada uma das
pessoas, qualquer que seja a sua situação ou estado de desenvolvimento, desde a concepção
à morte natural, pode garantir a paz e dar futuro à Humanidade". Que significado?
"O Natal é o nascimento de Jesus Cristo no Presépio de Belém acontecido há dois
mil anos". A frase, da Mensagem de Natal do Bispo da Guarda vai de encontro ao que
de mais importante se celebra no dia 25 de Dezembro e que, apesar de ser uma evidência,
se vai desvanecendo no meio do frenesim consumista que marca a quadra. Para o
Bispo de Vila Real, D. Joaquim Gonçalves, "os cristãos são chamados a testemunhar
a beleza e a verdade histórica do Natal, salvando-o da poluição laica e comercial
para que ele nos salve a nós mesmos e à civilização". "Sem o Natal de Jesus, a
humanidade desumanizar-se-ia, a começar pela própria família e pelas crianças", alerta.
Também D. Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas e de Segurança, se
debruça sobre o significado da festa em que Cristo nasceu. "As festas, as luzes, as
prendas, a reunião da família e os votos de solidariedade e paz exprimem o verdadeiro
sentido da fé no âmbito da nossa cultura cristã, ou, por outro lado, revelam um hábito
social em que nos festejamos uns aos outros, sem haver o Festejado?", pergunta. D.
Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga, opta por lançar apelos à solidariedade, em especial
às famílias cristãs: "Falemos e operemos em nome dos mais pobres. Montaremos, assim,
no presépio um 'berço' para o Natal da igualdade e dignidade, da justiça e da paz
para todos", desafia. O Bispo de Viana do Castelo, D. José Pedreira, alarga os
horizontes e assinala que "a nossa consciência cristã interpela-nos a ter presentes
as vítimas de todas as formas de agressão, da guerra, de todas as guerras, do Médio
Oriente como da África, e a suplicar o Dom da Paz". "O Natal de 2006 sugere-nos
atitudes e actos conscientes de apreço e felicidade perante a beleza do dom da vida,
e tristeza e rejeição em todas as situações em que ela é sacrificada", acrescenta