ENCONTRO HISTÓRICO NO VATICANO DE BENTO XVI COM O ARCEBISPO DE ATENAS E DE TODA A
GRÉCIA, CHRISTODOULOS
Cidade do Vaticano, 14 dez (RV) - Teve lugar esta manhã, no Vaticano, um histórico
encontro entre Bento XVI e o arcebispo ortodoxo de Atenas e de toda a Grécia, Christodoulos,
pela primeira vez em visita oficial ao papa e à Igreja de Roma.
Numa Declaração
comum, ambos subscreveram a necessidade de perseverar no caminho de um diálogo teológico
construtivo, para restabelecer a plena unidade dos cristãos.
Com "profunda
alegria", Bento XVI acolheu em Roma o arcebispo ortodoxo de Atenas e de toda a Grécia,
reavivando "a grande tradição cristã" surgida e desenvolvida naquele glorioso país.
Sua Beatitude Christodoulos fez eco dessa tradição, grato por se darem "o beijo fraterno
da caridade" e por darem início a "uma nova etapa no caminho comum", "para afrontar
os problemas do mundo atual", que são muitos e complexos.
Bento XVI e o Arcebispo
Christodoulos abraçaram-se e deram um longo aperto de mão, antes de entrar na biblioteca
da residência apostólica, onde se realizou o encontro dos dois.
"Hoje, as nossas
relações retomam, lenta mas profundamente, com uma solicitude pela autenticidade"
_ disse o papa, recordando "a memorável visita" de João Paulo II a Atenas, em sua
peregrinação nas pegadas de São Paulo, em maio de 2001, marcando "uma etapa fundamental"
para a progressiva colaboração "cultural e pastoral".
A seguir, Bento XVI convidou,
com vigor, "católicos e ortodoxos" "a oferecerem sua contribuição cultural e, sobretudo,
espiritual" para defender as raízes cristãs da Europa. Raízes que forjaram a Europa
ao longo dos séculos, permitindo que a tradição cristã atuasse em defesa da pessoa
humana e do respeito pelas minorias, evitando uma homologação cultural que correria
o risco de levar à perda de imensas riquezas da civilização.
A Europa "não
pode ser uma realidade exclusivamente econômica", advertiu o papa. Os cristãos, em
cada país da União Européia, devem juntos "afrontar os novos perigos", "ou seja, a
secularização crescente, o relativismo e o niilismo, que abrem o caminho para comportamentos
e até mesmo para leis que ameaçam a dignidade inalienável das pessoas e que colocam
em discussão instituições fundamentais como o matrimônio".
O arcebispo Christodoulos
também se mostrou preocupado com "tudo aquilo que ameaça os valores e as estruturas
da civilização européia profundamente impregnada da fé cristã".
Ao final do
encontro, Bento XVI e Christodoulos assinaram a Declaração comum na qual as duas Igrejas
se comprometem "a superar no amor", "as muitas dificuldades e experiências dolorosas
do passado", conscientes da "tarefa comum" de percorrer juntos o caminho árduo do
diálogo na verdade em vista de restabelecer a plena comunhão dos cristãos.
O
arcebispo ortodoxo de Atenas e de toda a Grécia colocou, esta manhã, uma vela votiva
no túmulo de João Paulo II, na Cripta Vaticana, detendo-se em oração também, diante
do túmulo de Paulo VI e de João XXIII, situadas na cripta da Basílica Vaticana. (RL)