Memorável encontro entre a Igreja de Roma e a da Grécia: visita ao Papa do Arcebispo
de Atenas, Christodoulos
“Católicos e ortodoxos estão chamados a oferecer (à criação de uma nova Europa) uma
contribuição cultural e sobretudo espiritual”, defendendo “as raízes cristãs do Continente
que modelaram através dos séculos”: sublinhou Bento XVI, no discurso dirigido ao Arcebispo
de Atenas e de toda a Grécia, Christodoulos, e à sua delegação de Bispos que o acompanham
nesta primeira visita oficial à Igreja de Roma. Há que incrementar a colaboração entre
os cristãos, nos diversos países europeus, para fazer face aos novos riscos com os
quais se confronta a fé cristã e a legislações que põem em causa instituições tão
fundamentais como o matrimónio. Referindo um dado histórico e cultural que lhe
está muito a peito, Bento XVI pôs em destaque o fecundo diálogo e convergência entre
Roma e a Grécia, numa “osmose” que não conduziu à uniformização mas sim a uma rica
diversidade: “A Grécia e Roma desde a aurora do cristianismo intensificaram as
suas relações, depois prosseguidas, dando origem a diferentes formas de comunidades
e tradições cristãs nas regiões do mundo que hoje em dia correspondem à Europa de
Leste e à Europa ocidental. Estas intensas relações contribuíram igualmente para criar
uma espécie de osmose na formação das instituições eclesiais. Esta osmose – na salvaguarda
das particularidades disciplinares, litúrgicas, teológicas e espirituais das duas
tradições romana e grega – tornou frutuosa a acção evangelizadora da Igreja e a inculturação
da fé cristã”. Agora, lenta mas profundamente, e com uma preocupação de autenticidade,
vão-se retomando estas relações (entre Roma e a Grécia). O Papa referiu com apreço
diversas formas de colaboração já verificadas depois da memorável visita de João Paulo
II a Atenas, em 2001. Para o futuro abre-se um vasto campo onde se poderá desenvolver
a colaboração cultural e pastoral entre a Igreja da Grécia e a Igreja de Roma. Nomeadamente
na defesa das raízes cristãs da Europa, para “permitir que a tradição cristã continue
a manifestar-se e a actuar com todas as suas forças a favor da salvaguarda da dignidade
da pessoa humana, do respeito das minorias, evitando uma uniformização cultural que
correria o risco de resultar na perda de imensas riquezas da civilização”. Há também
que “trabalhar na salvaguarda dos direitos do homem, incluindo o princípio da liberdade
individual, em particular a liberdade religiosa”. Direitos “a promover e a defender
na União europeia e em cada um dos países membros. “Há que incrementar a colaboração
entre os cristãos, em cada um dos países da União Europeia, para fazer face aos novos
riscos com que se confronta a fé cristã: crescente secularização, relativismo e nihilismo,
abrindo o caminho a comportamentos e mesmo a legislações que lesam a dignidade inalienável
das pessoas e põem em causa instituições tão fundamentais como o matrimónio.”