Lima, 09 dez (RV) - A Igreja de Santo Ignácio de Loyola e o Colégio do Apóstolo
Santiago, construídos em 1573, na cidade peruana de Arequipa, recuperaram seu antigo
esplendor, após a restauração realizada com a ajuda da Agência Espanhola de Cooperação
Internacional (AECI). Os trabalhos foram realizados nos últimos três anos.
A
igreja _ uma bela obra arquitetônica _ ostenta em seu ingresso, adornos de animais
e plantas, que revelam com maestria, o sincretismo religioso entre as crenças pré-hispânicas
(deuses andinos como, por exemplo, o Sol) com o Catolicismo. No pórtico de ingresso
está um escudo que representa a origem inca da flor de "kantu"_ símbolo da nobreza
incaica _ e a águia bicéfala dos Habsburgo.
A sacristia e outros recintos do
templo abrigam obras do jesuíta italiano, Pe. Bernardo Bitti, discípulo de Michelangelo,
e de Diego Van Brüggen, entre outros. As pinturas e afrescos representam uma rica
iconografia que retrata a flora e a fauna peruanas.
Segundo historiadores,
ao longo dos séculos a igreja sofreu os efeitos de vários terremotos. O último deles,
em junho de 2001, destruiu muitos rebocos com pinturas e abalou a estrutura da construção.
Foram justamente os danos do último terremoto que motivaram a restauração da igreja,
por parte da AECI , que investiu cerca de 110 mil dólares nos trabalhos.
A
agência espanhola capacitou jovens locais para os trabalhos de reconstrução e restauração
da igreja, o que permitiu a criação de um grupo permanente de restauração dos monumentos
da chamada "Cidade Branca", considerada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO (Organização
das NN.UU. para a Educação, a Ciência e a Cultura).
Paralelamente à restauração
do templo, foi realizado um profundo trabalho museográfico, para que a igreja jesuíta
se transforme num museu atrativo para os visitantes, que nela encontrarão pinturas
nas paredes, painéis, esculturas, objetos litúrgicos em ouro e prata _ todas obras
consideradas um "retrato imortalizado" da arte colonial peruana.
A especialista
em restauração da AECI, Gemma Ballesteros, destacou que "foram utilizados critérios
internacionais nas intervenções" e a premissa fundamental "foi o respeito à concepção
original e à própria história" das edificações. "Os afrescos da capela de Santo Inácio
de Loyola estava em péssimo estado de conservação e a intervenção de restauração integral
ajudou a descobrir segredos ocultos através do tempo. Esta é a grande magia na nossa
profissão" _ destacou a restauradora.
Com a restauração, a igreja jesuíta voltou
a ser um objetivo prioritário para todos aqueles que visitam Arequipa. (JK)