Cardeal Hummes clarifica suas declarações ao jornal "Estado de São Paulo".
Acabado de chegar ao Vaticano, chamado pelo Papa Bento XVI a assumir na Cúria Romana
a responsabilidade de Prefeito da Congregação para o Clero, o Cardeal brasileiro
D. Cláudio Hummes, ex- arcebispo de São Paulo, veio a público esclarecer o seu pensamento,
perante a polémica gerada por uma sua entrevista ao quotidiano “Estado de São Paulo”. Numa
Declaração divulgada pela Sala de Imprensa do Vaticano, D. Cláudio Hummes recorda
que “na Igreja sempre foi claro que a obrigatoriedade do celibato para os sacerdotes
não é um dogma, mas uma norma disciplinar. Tanto assim que a obrigatoriedade do celibato
vale para a Igreja latina, mas não para os ritos orientais, onde também nas comunidades
unidas à Igreja Católica é normal que haja padres casados”. Dito isto, o prefeito
da Congregação para o Clero logo sublinha que “a norma do celibato para os sacerdotes
na Igreja latina é muito antiga e se apoia numa tradição consolidada, com motivações
fortes, de carácter teológico-espirituais e prático-pastorais, sublinhadas também
pelos Papas”. O Cardeal Hummes lembra os trabalhos do último Sínodo dos Bispos,
em que se defendeu que a alteração na norma do celibato não seria uma solução para
o problema da falta de vocações. “Estas questões não estão, portanto, na ordem
do dia das autoridades eclesiásticas, como foi recentemente sublinhado após a última
reunião dos Chefes de Dicastério com o Papa”, conclui a declaração. Com 72 anos,
o Cardeal Hummes substitui no seu novo cargo o Cardeal colombiano Dario Castrillón
Hoyos, de 77. No passado dia 16 de Novembro Bento XVI e os chefes dos Dicastérios
da Cúria Romana reafirmaram a importância do celibato sacerdotal na Igreja. Esta foi
a conclusão do encontro convocado pelo Papa, para analisar o chamado “caso Milingo”,
os pedidos de readmissão de padres casados e os pedidos de dispensa do celibato. “Reafirmou-se
o valor da escolha do celibato sacerdotal, segundo a tradição católica, e defendeu-se
a exigência de uma sólida formação humana e cristã, tanto para os seminaristas, como
para os sacerdotes já ordenados”, segundo referia nessa altura uma nota oficial da
Santa Sé.