ANGLICANOS CONTRA BLAIR POR COMPRA SUBMARINOS ATÔMICOS
Londres, 06 dez (RV) - O arcebispo de Cantuária e primaz da Igreja Anglicana,
Dr. Rowan Williams, entrou em reta de colisão com o premier britânico, Tony Blair,
ao expressar publicamente "reservas de ordem moral, legal e estratégica" sobre a decisão
anunciada pelo primeiro-ministro, de construir novos submarinos nucleares nas próximas
décadas.
Segundo o arcebispo, as questões éticas ligadas à fabricação e ao
uso de armas atômicas são ainda mais graves hoje, depois do fim da guerra fria. "São
armas que têm efeitos letais, e seu impacto no ambiente, a longo prazo, seria horrendo"
_ disse o prelado, pedindo um debate nacional sobre o assunto.
A seu ver, não
é nem mesmo claro, do ponto de vista jurídico, se a substituição dos velhos submarinos
"Trident", por meios mais novos e modernos, poderia ser admitida pelo Tratado de não-proliferação
das armas nucleares.
O arcebispo faz também objeções de natureza estratégica
e militar: segundo ele, as forças armadas britânicas precisam de outras coisas, a
começar de um equipamento melhor.
Assim como a cúpula das Igrejas Metodista
e Batista, os bispos da Igreja Católica tomaram também distância do dispendioso programa
de modernização nuclear que Blair vem anunciando como uma "apólice de seguro para
as próximas décadas".
A questão será votada na Câmara dos Comuns (congresso
britânico) na próxima primavera. Naquela altura, a discussão será, certamente, condicionada
pelo debate aberto agora. Com as críticas do arcebispo de Cantuária e das outras confissões
cristãs, reforça-se o bloco de 50 deputados trabalhistas, de orientação pacifista,
que pode romper a disciplina do partido e rebelar-se ao projeto do primeiro-ministro.
A
revolta no âmbito do Partido Trabalhista, no entanto, não deve criar problemas insolúveis
para Blair. No que se refere ao projeto de modernização atômica, ele conta com o pleno
apoio parlamentar dos conservadores, principal força de oposição. (CM)