DESCOBERTA DE SARCÓFAGO ROMANO EM IGREJA OBRIGA A REDEFINIÇÃO DOS LIMITES DA ANTIGA
LONDRES
Londres, 1º dez (RV) - A descoberta de um sarcófago romano, numa conhecida
igreja no centro de Londres, obrigará a uma redefinição das fronteiras da antiga cidade
de "Londinium". Até agora, se acreditava que a antiga cidade estivesse circunscrita
a uma pequena área, a oeste da capital inglesa.
Os arqueólogos do Museu de
Londres, encarregados das escavações, mostraram-se entusiasmados com a surpreendente
descoberta de um túmulo do final do século IV ou início do V _ última fase da presença
romana _ no terreno do templo anglicano de "Saint Martin in the Fields", na famosa
"Trafalgar Square", considerada um antigo reduto anglo-saxônico.
O sarcófago,
pesando 1,5 toneladas, contém os restos de um homem de cerca 40 anos e 1,70 metros
de altura. O crânio, não encontrado, poderia ter sido retirado por operários que trabalharam
no local no século XIX.
A diretora do Serviço Arqueológico do Museu de Londres,
Taryn Nixon, afirmou que a descoberta do sarcófago, num lugar tão distante de onde
se acreditava ser a cidade romana, obriga a uma redefinição de suas fronteiras, e
inclusive, do período de ocupação. "Estamos diante de uma investigação fascinante"
_ afirmou.
Até agora, se acreditava que "Londinium" _ a cidade fundada em 43
d.C. pelo imperador romano Claudius _ ocupava o que atualmente é a "City" (centro
financeiro de Londres), com cerca de uma milha quadrada, que abriga a Torre de Londres,
a ponte de Blackfriars, e a Catedral de Saint Paul.
A descoberta do sarcófago
e de algumas telhas do mesmo período sugerem que a presença romana pode estender-se
muito mais a oeste, até o distrito de Westminster, uma área onde, até agora, haviam
sido encontrados, sobretudo, restos de assentamentos anglo-saxônicos. Além do sarcófago,
os arqueólogos descobriram na mesma igreja, 24 tumbas do período medieval e outras
sete tumbas anglo-saxônicas do século VII.
As escavações arqueológicas em "Saint
Martin in the fields" foram iniciadas em janeiro passado, coincidindo com obras de
renovação do templo, construído em 1720, "para adequá-lo ao século XXI" _ segundo
o Rev. Nicholas Holtan, vigário da igreja.
Para o Rev. Nichols, o descobrimento
dos restos anglo-saxônicos é importante, porque revela uma nova etapa da história
do lugar, que somente está documentada até 1222, época da construção do primeiro templo.
Entretanto, o que mais o emociona, é o descobrimento do sarcófago romano, pois sugere
a existência, no terreno da Igreja, de "um lugar sagrado, possivelmente cristão",
há 1.500 anos. (JK)