CHINA: PESAR DO PAPA PELA ORDENAÇÃO DE BISPO SEM MANDATO PONTIFÍCIO
Cidade do Vaticano, 02 dez (RV) - Bento XVI recebeu com "profundo pesar" a
notícia da ordenação episcopal na China. É o que se lê na declaração da Sala de Imprensa
da Santa Sé, na qual de explica que "a ordenação episcopal foi conferida sem o mandato
pontifício, isto é, sem respeitar a disciplina da Igreja Católica acerca da nomeação
dos bispos" (cfr. Cânon 377, parágrafo 1, do Código de Direito Canônico).
No
texto ressalta-se que "a ordenação em Xuzhou é a última _ em termos temporais _ de
uma série de ordenações episcopais ilegítimas, que transtornam a Igreja Católica na
China, há algumas décadas, criando divisões nas comunidades diocesanas e afligindo
a consciência de muitos eclesiásticos e fiéis".
A declaração sublinha que "essa
série de atos extremamente graves, que ofendem os sentimentos religiosos de cada católico
na China e no resto do mundo, é fruto e conseqüência de uma visão da Igreja que não
corresponde à doutrina católica e subverte princípios fundamentais da sua estrutura
hierárquica".
A nota da Sala de Imprensa recorda o que precisou a esse propósito,
o Concílio Vaticano II: "É em virtude da consagração sacramental, e mediante a comunhão
hierárquica com a cabeça e os membros do colégio, que fica alguém constituído membro
do corpo episcopal". (Lumen gentium, nº 22).
"A Santa Sé, tendo tomado conhecimento
no último momento, da projetada ordenação episcopal na Diocese de Xuzhou, não deixou
de adotar as medidas possíveis no breve tempo à disposição, a fim de que não se chegasse
a um ato que produziria uma nova dilaceração da comunhão eclesial" _ afirma a nota.
E o fez também, recordando que "uma ordenação episcopal ilegítima é um ato objetivamente
tão grave que o Direito Canônico estabelece sanções severas para aqueles que a conferem
e aqueles que a recebem, sempre que o ato seja realizado em condições de verdadeira
liberdade" (cfr. Cânon 1382 do Código de Direito Canônico).
A declaração afirma
ainda que "é consolador constatar que, apesar das dificuldades passadas e presentes,
a quase totalidade dos bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, e os leigos na
China, conscientes de serem membros vivos de toda a Igreja, mantêm uma profunda comunhão
de fé e de vida com o Sucessor de Pedro e com todas as comunidades católicas espalhadas
pelo mundo".
A nota da Sala de Imprensa da Santa Sé precisa que "no que concerne
às ordenações episcopais, a Santa Sé não pode aceitar ser colocada diante de fatos
consumados". Assim sendo, a Santa Sé "deplora o modo de proceder na ordenação do sacerdote
Wang Renlei", e reitera os votos de que "incidentes desse tipo não se repitam no futuro".
(RL)