MOSTEIRO SÍRIO PREMIADO POR PROMOVER DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO
Damasco, 29 nov (RV) - O mosteiro sírio de São Moisés, o Abissínio, conhecido
como comunidade de Deir Mar Musa el-Habashi, recebeu o "Prêmio Euro-mediterrâneo de
Diálogo entre as Culturas".
A comunidade foi indicada para receber o prêmio
"por ter promovido o respeito recíproco entre os povos de diversas religiões e convicções".
Desde 1991, a comunidade de Deir Mar Musa el-Habashi está empenhada em criar e a manter
relações positivas, especialmente entre cristãos e muçulmanos.
O prêmio foi
entregue ao fundador da comunidade síria, o jesuíta Pe. Paolo Dall'Oglio. Em 1984,
o sacerdote deu início à recuperação das ruínas da antiga estrutura conventual, nas
montanhas desertas de Nebek, a cerca de 80 km de Damasco.
Na cerimônia de entrega
do reconhecimento, o sacerdote afirmou que "a mediação, a moderação e a transparência,
acompanhadas de uma grande perseverança, são as bases necessárias para construir um
profícuo diálogo inter-religioso".
O prêmio foi instituído em 2005, pela "Fundação
Mediterrânea" e pela "Anna Lindh Euro-Mediterranean Foundation for the Dialogue Between
Cultures" (Fundação Euro-mediterrânea Anna Lindh, de Diálogo entre Culturas).
Anna
Lindh foi Ministra das Relações Exteriores, da Suécia. Ela morreu em 11 de setembro
de 2003, três dias antes do referendum sobre a adesão do país a União Européia, depois
de ter sido esfaqueada.
Num recente encontro sobre diálogo inter-religioso
promovido pela Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma, Pe. Dall'Oglio precisou
que o Mosteiro de São Moisés quer ser o "carro-chefe" de uma nova "fórmula teológica,
de uma Igreja islâmico-cristã, solidária e radicada nos destinos das populações muçulmanas".
O
jesuíta acrescentou, na ocasião, que a intenção da comunidade "não está ligada a nenhum
projeto de proselitismo". Ele precisou que, "na sociedade muçulmana, a conversão não
apenas não é compreendida, mas representa até mesmo um perigo social, uma vez que,
mesmo onde não é punida, segundo a xariá (a lei islâmica), como na Síria, é _ de qualquer
modo _ sujeita a perseguições familiares e sociais".
"A experiência desenvolvida
na comunidade _ disse ainda o sacerdote _ é inspirada no antigo papel desempenhado
pelo mosteiro que, erigido em 1.058 d.C., era parte integrante do mundo muçulmano"
e tinha, entre suas prioridades, a hospitalidade às populações nômades que atravessavam
o deserto. Hoje, o mosteiro quer hospedar estudantes e intelectuais, para cursos e
seminários. (JK)