2006-11-28 18:01:43

Ajudar a sociedade a abrir-se ao transcendente, reconhecendo a Deus o lugar que lhe toca: esta uma das tarefas comuns a cristãos e muçulmanos, no nosso tempo – sublinhou Bento XVI na primeira intervenção desta viagem à Turquia.


(28/11/2006 -RV) No discurso pronunciado no encontro com o presidente para as questões religiosas, o professor Ali Bardakoolu, o Santo Padre começou por evocar o seu apreço pela terra turca, onde nasceram (recordou) muitas das primeiras comunidades cristãs e onde teve lugar um grande florescimento da civilização islâmica em variados campos, nomeadamente literatura e arte, como testemunham tantas monumentos cristãos e muçulmanos, justamente apreciados por um numero crescente de visitantes.
Bento XVI evocou a presença na Turquia, ao longo de dez anos, como Delegado Apostólico, do Arcebispo Ângelo Roncali, futuro João XXIII, que muito amava o povo turco, apreciando as suas qualidades.
Passando ao tema central da sua intervenção – a relação e colaboração entre cristãos e muçulmanos, no respeito mútuo, o Papa sublinhou a sua convicção de que há que promover “com optimismo e esperança” este “diálogo inter-religioso e intercultural” como “um sincero intercâmbio entre amigos”. E isto “não se pode reduzir a um extra, opcional”. Bem pelo contrário: “é uma necessidade vital, da qual depende em larga medida o nosso futuro”.
“Cristãos e muçulmanos, seguindo as suas respectivas religiões, chamam a atenção para a verdade do carácter sagrado e dignidade da pessoa. É esta a base do nosso recíproco respeito e estima, esta a base para a colaboração, ao serviço da paz, entre nações e povos - o desejo mais caro de todos os crentes e de todas as pessoas de boa vontade”.


Evocando o ensinamento do Concílio Vaticano II sobre as relações com os crentes de outras religiões, o Papa lembrou que “o Concílio ensina que todo o género humano partilha uma origem comum e um destino comum”. “Cristãos e muçulmanos pertencem à família dos que acreditam no único Deus e que, segundo as respectivas tradições, fazem referência a Abraão”.


“É esta unidade humana e espiritual nas nossas origens e no nosso destino que nos impele a procurar um itinerário comum, ao mesmo tempo que fazemos a parte que nos toca na busca dos valores fundamentais que é tão característica das pessoas do nosso tempo.”


“Respeitando a legítima autonomia das coisas temporais” – observou ainda o Papa – “como homens e mulheres de religião”, “temos um contributo específico a oferecer na busca de soluções apropriadas” às “prementes questões” que se nos apresentam. Bento XVI referiu expressamente, “ a difusa aspiração à justiça, ao desenvolvimento, à solidariedade à liberdade, à segurança, à paz, à defesa do ambiente e dos recursos naturais”.
Mais ainda – advertiu o Papa – “podemos oferecer uma resposta credível à questão que emerge claramente da sociedade de hoje… sobre o significado e o objectivo da vida, para cada um e para toda a humanidade.”


“Somos chamados a colaborar para ajudar a sociedade a abrir-se ao transcendente, reconhecendo a Deus Omnipotente o lugar que lhe toca. E o modo melhor para avançar é através a via do autêntico diálogo entre Cristãos e Muçulmanos , baseado na verdade e inspirado por uma vontade sincera de nos conhecermos uns aos outros, respeitando as diferenças e reconhecendo o que temos em comum”.


Quase a concluir esta sua intervenção, no encontro com o responsável das Questões Religiosas, do governo turco, Bento XVI aponto, “como exemplo do respeito fraterno” entre cristãos e muçulmanos, as palavras que o Papa Gregório VII dirigia, em 1076, a um príncipe muçulmano da África do Norte, que tinha agido com grande benevolência em relação aos cristãos que se encontravam sob a sua jurisdição. O Papa Gregório falava da particular caridade que cristãos e muçulmanos devem ter entre si, pois – escrevia “nós acreditamos e confessamos um só Deus, embora de modo diverso, cada dia O louvamos e adoramos como Criador e Senhor do mundo”.








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