Viagem apostólica de Bento XVI á Turquia de 28 de Novembro a 1 de Dezembro com dimensão
pastoral, ecuménica e inter-religiosa
(25/11/2006 -RV) A viagem apostólica de Bento XVI á Turquia de 28 deste mês a 1 de
Dezembro terá três dimensões fundamentais, resultantes do encontro com católicos,
cristãos de outras confissões e fiéis de outras religiões. O Mestre das Celebrações
Litúrgicas Pontifícias, Arcebispo Piero Marini, refere na apresentação da viagem que
esta tem uma “dimensão pastoral”, ou seja, o encontro do Papa com a pequena minoria
católica “para confirmá-la na fé” num momento em que estão a surgir "formas de intolerância
religiosa". Outro aspecto importante é a dimensão ecuménica, isto é, “o abraço ao
Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, para renovar a prioridade do ecumenismo”.
Não menos importante é a dimensão inter-religiosa da viagem, "pela superação dos
confrontos que, ao longo dos séculos, contrapuseram entre si judeus, cristãos e muçulmanos".
O diálogo com o mundo islâmico assume um relevo particular. “A Turquia, que acolhe
em si diversas tradições religiosas, é como uma varanda sobre o Médio Oriente, desde
a qual se pode reforçar os valores do diálogo inter-religioso, da tolerância, da reciprocidade
e da laicidade do Estado”, pode ler-se na apresentação da visita papal. O Arcebispo
Marini ressalta as raízes bíblicas da Turquia, lembrando que ali teve início a grande
viagem da fé, quando Abraão deixa Harã, um sítio arqueológico no sul da actual Turquia
O arcebispo recorda que a Ásia Menor, correspondente mais ou menos à actual Turquia,
foi a primeira terra de missão da comunidade cristã. Tendo partido de Jerusalém, São
Barnabé chega a Tarso, na Silícia, tomando consigo Paulo para fundar a primeira Igreja
dessa região em Antioquia: ali pela primeira vez os discípulos de Jesus foram chamados
"cristãos". São Paulo é o grande evangelizador daquelas terra. Também Pedro, André
e João levaram o Evangelho àqueles lugares. Em Éfeso, segundo a tradição, Maria
viveu os últimos anos de sua vida na companhia de João evangelista, e foi ali que,
sempre segundo uma antiga tradição, ela foi Assunta ao Céu. Os Actos dos Apóstolos,
a primeira carta de Pedro, as cartas de Paulo aos Efésios, aos Colossenses, aos Gálatas
e a Timóteo, e a carta às sete Igrejas da Ásia - relatadas no Apocalipse de João -
descrevem a fascinante, mas difícil, vida daquelas primeiras comunidades cristãs fora
da Terra Santa. Nesta viagem são assinaladas duas datas significativas, relativas
a grandes testemunhas da fé: o XVII centenário do nascimento de Efrém (306) e o XVIII
centenário da morte de São João Crisóstomo (407).