Apelos á Igreja e ao Estado no 1º congresso internacional "tesouros da Igreja, tesouros
da Europa",realizado em Beja.
(25/11/2006) O património religioso, cujo valor é inestimável, está profundamente
ameaçado e tem de enfrentar riscos de esquecimento, vandalismo ou degradação. Isso
mesmo foi defendido nos trabalhos do I Congresso Internacional “Tesouros da Igreja,
Tesouros da Europa”, que hoje se conclui em Beja. Cerca de 300 congressistas,
entre os quais alguns dos principais especialistas no estudo e salvaguarda do património,
deram vida a uma iniciativa que fez o diagnóstico dos problemas existentes e analisa
alternativas para fazer face às situações de abandono, destruição e furto. À Igreja
e ao Estado ficam vários apelos no sentido de apostarem fortemente nesta área, que
marca a história e a cultura do Velho Continente. Basta lembrar que cerca de 60 por
cento do património artístico da Europa são obras de arte e monumentos religiosos,
estimando-se que a percentagem atinja os 75 por cento em países como Espanha, Itália
e Portugal, segundo estimativas do Conselho da Europa, citadas pelo director do Departamento
do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja (DPHADB), José António Falcão.
A criação de redes museológicas, como a da Diocese de Beja, a cedência de templos
para funcionarem como oficinas de artistas, escolas de teatro e de circo e galerias
de exposições, no Reino Unido, ou a criação de depósitos regionais de obras de arte
em risco, em França, são exemplos apontados como alternativas ao abandono puro e simples
por vários especialistas ouvidos pelo programa ECCLESIA, como Natália Correia Guedes
e Bernard Berthod, Consultores da Comissão Pontifícia dos Bens Culturais da Igreja,
ou Brian Clark, do Churches Conservation Trust (Reino Unido) Por isso mesmo, estiveram
em cima da mesa dos trabalhos, questões como o recurso aos novos fundos comunitários
e a criação de parcerias internacionais, a criação de emprego, o apoio ao turismo
e a sustentabilidade de micro empresas de serviços, por exemplo na área do restauro.
D. António Vitalino, Bispo de Beja, assinalou que a Diocese não poderia esquecer
o património histórico-artístico, “algo que documenta a beleza da nossa fé”, sublinhando
as parceiras que foram criadas para “inventariar, restaurar e dar a conhecer o nosso
património”. A Europae Thesauri, com sede na Catedral de Liége, é uma Organização
Não-Governamental que agrupa os principais tesouros e museus de arte sacra da Europa.
Fundada em 2005, sob a presidência de honra do Príncipe Lorenz da Bélgica, a associação,
que agrupa os principais museus da Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, França, Holanda,
Itália, Portugal e Suíça, tem como objectivos a "valorização, qualificação e divulgação
do património religioso europeu".